A conquista da América

 A conquista da América

A conquista da América
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 Depois de duas temporadas com resultado líquido negativo na balança comercial, a orizicultura brasileira mostrou em 2018 que o país pode ser um dos grandes players mundiais e tem potencial para assegurar o fornecimento a países das Américas, da África e do Oriente Médio, desde que tenha as condições de mercado necessárias. Acima de tudo, ao exportar 1,809 milhão de toneladas (Mt) para 79 países no ano civil, que vai de janeiro a dezembro, as empresas brasileiras provaram que são capazes de superar gargalos logísticos e disputar espaços com seus concorrentes do Mercosul, da Ásia e os Estados Unidos.

Do total, 100 mil toneladas foram exportadas por Santa Catarina e o resto pelo Rio Grande do Sul. Já nos 10 primeiros meses do ano comercial, que vai de março de 2018 a fevereiro de 2019, as exportações superaram 1,48 milhão de toneladas, gerando US$ 470 milhões em faturamento.
Mas é preciso ter ciência que isso só aconteceu por causa de uma conjuntura muito favorável, segundo alerta o analista da AgroDados/Planeta Arroz Cleiton Evandro dos Santos. “Tivemos uma condição de câmbio muito favorável e preços muito baixos no Brasil no primeiro semestre e ainda contamos com uma oferta menor dos Estados Unidos porque tiveram uma quebra de um quinto da safra em 2017. Isso nos favoreceu muito”, resume.

A expectativa, porém, é de que o Brasil não tenha o mesmo desempenho em 2019. “Será difícil competir por fatores internos e externos. A oferta norte-americana normalizou, o dólar está perdendo valor para o real e temos uma redução de safra por causa da área agravada por uma quebra climática”, acrescenta.

Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócios, lembra que a safra começa com novo patamar de preços, acima dos R$ 40,00, quando na temporada passada houve negócios a R$ 33,00 e R$ 34,00. “Isso já é impacto da menor oferta doméstica”, avalia.

Segundo Elcio Bento, da Safras & Mercado, a tendência é de que, confirmados os números expressivos da quebra, o Brasil volte a ser um importador líquido no ano de 2019. “A soma da produção, estoque de passagem e importação deve ser pouco superior ao consumo previsto mais as exportações”, registra.

“Com uma previsão de preços maiores no segundo semestre, oferta menor e real valorizado, só teremos um final de ano com exportações expressivas se a safra dos Estados Unidos, colhida de julho a setembro, quebrar muito esse ano ou acontecer algo que gere uma valorização muito forte da moeda estadunidense sobre a brasileira”, acrescenta Cleiton Evandro dos Santos.

VENEZUELA
De janeiro a dezembro de 2018, a Venezuela fez a diferença nas exportações brasileiras, pois demandou 620,5 mil toneladas. Isso que, mesmo triangulando as compras com a China, que trocava o produto pelo petróleo venezuelano, teve problemas de pagamento.

Uma carga adquirida ficou para trás e com o agravamento da crise, não há confirmação de que será carregada. Os outros maiores compradores internacionais do grão brasileiro são, por ordem, Senegal, Gâmbia, Peru, Nicarágua, Serra Leoa, Cuba, Costa Rica, Estados Unidos e Suíça.

As importações no ano civil chegaram a 842,9 mil toneladas, com destaque para o ingresso de 599 mil toneladas de arroz do Paraguai, 122,2 mil toneladas da Argentina e outras 107,6 mil toneladas do Uruguai. Fora estes, 13 países venderam arroz ao Brasil, com destaque para a Itália, com 7 mil toneladas, Suriname (3,7 mil) e Guiana (1,6 mil). O restante são pequenos volumes para culinária étnica ou gourmet.

COMERCIAL

No ano comercial, o Brasil exportou 1.484 milhão de toneladas, importou 727,4 mil toneladas e termina os 10 meses de 2018 com um saldo positivo de 757 Mt. Mantendo a média das exportações dos 10 primeiros meses, o país poderá alcançar 1,78 milhão de toneladas embarcadas, 872,8 importadas e 900 mil de saldo líquido. Os analistas, porém, acreditam num saldo entre 750 e 850 mil toneladas.

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