A força do Miura

 A força do Miura

Pré-germinado: reforço da Epagri

Epagri lança variedade
para retomar protagonismo
da produtividade catarinense
.

 No início deste século, a orizicultura catarinense fazia inveja em seus vizinhos gaúchos quando se tratava de produtividade. O sistema de produção 100% pré-germinado e as cultivares muito produtivas, de ciclo mais longo, garantiam um rendimento por área que chegava 7 mil quilos por hectare, mais de 30% maior do que a média das lavouras do Rio Grande do Sul, então na faixa de 5,3 a 5,5 toneladas. Em algumas regiões, como no município de Agronômica, o rendimento batia em 15 mil quilos, algo nem sonhado em outras regiões produtivas do mundo.

Mas no decorrer da década passada, e principalmente na atual, houve um esvaziamento da área de pesquisa orizícola pública no segundo maior estado produtor de arroz do Brasil por falta de investimentos, substituição de cientistas que se aposentaram e incentivos para manter o elevado patamar tecnológico. O pré-germinado também passou a ter problemas com a evolução de pragas e invasoras. A pesquisa catarinense, embora mantendo alguns pilares e pesquisadores referenciais no Brasil, sem o suporte necessário e com limitações estruturais e técnicas, não conseguiu acompanhar o avanço da tecnologia no estado vizinho e fez o caminho inverso da sua indústria arrozeira, que cresceu, se modernizou e mostra muito vigor.

Agora, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) dá sinais de que busca novamente o protagonismo da qualidade e da produtividade brasileira em arroz e está investindo em nova variedade que pode mudar o panorama produtivo de suas lavouras: lançada em fevereiro último para cultivo na próxima temporada, a SCS122 Miura é o novo material genético dirigido ao sistema pré-germinado. Resulta de 14 anos de trabalho multidisciplinar e foi testada em campo durante três safras nas regiões produtoras do estado.

Segundo o pesquisador José Alberto Noldin, gerente da Estação Experimental do Arroz da Epagri em Itajaí (SC), a SCS122 Miura é cultivar que se destaca pelo alto potencial produtivo, 9.462 quilos por hectare, enquanto a média estadual gira em torno dos 7 mil quilos por hectare, tolerância ao acamamento por ventos, que impossibilita colheitas e causa perda na cultura, bom perfilhamento, ou seja, emissão de mais panículas e grãos de arroz, e boa resistência a brusone, a principal doença do arroz irrigado. Seus grãos são longos-finos, atendendo ao gosto do mercado brasileiro. A variedade tem este nome em homenagem ao fitopatologista Lucas Miura, que trabalhou na Epagri.

Os resultados das avaliações no sistema pré-germinado comprovaram sua superioridade em relação às variedades atualmente cultivadas em Santa Catarina. Ela também foi submetida à avaliação de desempenho industrial e sensorial, além de análises químicas, em quatro diferentes instituições: Sindicato da Indústria do Arroz de Santa Catarina (Sindarroz-SC), Cooperativa Juriti, Embrapa Arroz e Feijão e o laboratório de grãos da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel). Todas as avaliações consideraram o grão adequado aos processos de beneficiamento para arroz parboilizado.

QUESTÃO BÁSICA
A variedade SCS122 Miura é recomendada para cultivo em todas as regiões produtoras de arroz irrigado de Santa Catarina. Pode também ser semeada em outras regiões sob concessão do registro oficial para cultivo, o que só pode ocorrer mediante a realização de experimentos oficiais. As sementes para produção da cultivar estarão disponíveis comercialmente aos agricultores para a safra 2017/18. Essa é a 30ª variedade de arroz irrigado desenvolvida e lançada pela Epagri.

FIQUE DE OLHO
A SCS122 Miura é resultado da hibridação de outras três diferentes variedades de arroz, duas desenvolvidas pela Epagri e uma do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Este processo iniciou em 2003.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter