A insustentável leveza do preço

Diferente do que ocorria há 20 ou 30 anos, a relação direta entre oferta e demanda deixou de ser o único fator determinante dos preços do arroz. Naquela época se sabia que na medida em que a safra crescia os preços baixavam, e vice-versa. A precificação nos anos 2000 passou a seguir e ser influenciada, também, por outros fatores importantes, em especial depois que o Brasil passou a ser um dos 10 maiores importadores e também um dos 10 maiores exportadores mundiais. O câmbio, a oferta do Mercosul, os preços internacionais, as tendências das colheitas vizinhas e a demanda de nossos clientes passaram também a determinar valor no mercado doméstico.

Ser eficiente dentro da porteira passou a ser, além de obrigação, fator de sobrevivência. Isso porque os custos subiram por razões como a tributação em cascata, a margem de lucro das empresas, as disparidades do Mercosul, que são quase todas determinadas pela política brasileira, o alto grau de endividamento do setor e a nossa precariedade logística, a “industridependência”. O Brasil tem um custo altíssimo, mas quer comida barata. Também é natural, da sobrevivência da sociedade.

Em 2018 terminamos a colheita com a certeza de que preços melhores virão e pouquíssimos produtores vão empatar ou conseguir renda quando e se estas cotações se concretizarem. A outra certeza é a de que o produtor brasileiro é quem paga a conta da comida barata. A incerteza é até quando o rizicultor aguentará pagar tão alto preço. E quantos aguentarão.

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