A quem interessa um Irga fragilizado?
O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) tem uma história de protagonismo na orizicultura gaúcha e brasileira. Mas vive uma situação diferente agora. Fragilizado, nos últimos anos perdeu o mercado de sementes no próprio estado, a indústria acusa perda de qualidade nas variedades, R$ 200 milhões em taxa CDO deixaram de entrar nos seus cofres nos últimos sete anos, indo para o caixa único do Estado, dezenas de cientistas e servidores migraram para a iniciativa privada pelos baixos salários da autarquia, seu concurso público criou duas “classes” de pesquisadores, uma ganhando o dobro da outra, e agora a diretoria entra na mira dos políticos.
Para complicar, o instituto vive uma operação-padrão de servidores que reivindicam valorização e condições de trabalho e vieram à tona desentendimentos e disputas de interesses internos e externos.
Partidos do governo se movimentam para ocupar cargos apostando que a atual diretoria está em rota de colisão com o governador José Ivo Sartori e apoia a demanda dos servidores em lugar de defender o governo.
Sartori se negou em ir à Abertura Oficial da Colheita por se sentir pressionado a conceder “no grito” um reajuste de 50% aos servidores do Irga e segurar os pesquisadores.
Ainda que justo, Sartori considerou o momento impróprio frente à situação de pré-insolvência do Estado, o parcelamento dos salários dos servidores estaduais e a renegociação da dívida com a União. E não gostou das reações das lideranças setoriais e direção do Irga, que entende terem se posicionado de forma corporativa quando considera que deveriam – por se tratar de cargos políticos – fazer a defesa do governo. Para Sartori, após o gesto de “boa vontade” em aceitar as indicações da Federarroz, os dirigentes deveriam devolver a cortesia e evitar conflitos e críticas contundentes. Por isso se afastou e passou o assunto para o vice-governador José Paulo Cairoli.
Em meio aos problemas, a cadeia produtiva deve se fazer uma pergunta: A quem interessa o Irga fragilizado? Certamente não à cadeia produtiva. É preciso superar essa fase!