A vez do câmbio
Com os preços gaúchos muito baixos em contraponto ao mercado internacional em alta, o empurrão que faltava para o Brasil avançar nas exportações e equalizar as cotações domésticas era um câmbio mais favorável. Depois de o dólar alcançar cotação de R$ 3,24, a moeda estadunidense disparou e foi bater em R$ 3,91 no final do primeiro semestre. Isso deu impulso às exportações e travou as compras no Mercosul por parte das indústrias e do varejo brasileiros.
O saldo da balança comercial nos primeiros cinco meses do ano comercial (março/18 a fevereiro/19) beira 350 mil toneladas. Somou-se a isso a projeção de um consumo de 12 milhões de toneladas, mais a exportação de 1,05 milhão, da Conab, contra uma safra menor e importações abaixo das vendas externas, o que resulta numa projeção de um estoque de passagem de 586 mil toneladas, o segundo menor em cinco anos.
A expectativa de uma safra ainda menor, de 11,7 milhões de toneladas, ajudou na alta do primeiro semestre. O cenário de oferta e demanda ajustado ajuda a precificar o arroz. E o arroz em poder do produtor disputado pelas indústrias e tradings ajuda a estabelecer novo patamar de preços.
Sérgio Roberto Gomes dos Santos Júnior espera preços superiores a R$ 47,00 nesta temporada, mas frisa que quanto mais perto da paridade de importação chegam as cotações internas, menor a velocidade da alta e maiores as chances de uma estagnação. A paridade com o Mercosul gira entre US$ 12,00 e US$ 12,50. Cada vez que o dólar supera os R$ 3,80, eleva a diferença e mantém o comprador dentro do Brasil. Para o analista, a tendência até a safra é de preços mais equilibrados e superiores aos alcançados na temporada passada, com exportações em queda e importações em alta.
PREÇO
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) já fixou o preço mínimo do arroz para a temporada 2018/19. Ele começa a valer em 1º de março de 2019 e está fixado em R$ 36,44 por saca de 50 quilos, em casca (58×10) para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) aproveitou a reunião da Câmara Setorial do Arroz, no dia 21 de agosto, para pôr o tema em discussão e pedir a revisão dos critérios que estabelecem o custo de produção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para que se aproxime da realidade e não se resuma ao custo operacional.
O analista Sérgio Roberto Gomes dos Santos Júnior destacou que não há interesse da empresa em subestimar ou superestimar o custo de produção, por isso, desde 2017 tem trabalhado numa proposta para atualizar em 2019 o pacote tecnológico considerado para a formação do valor de maneira que reproduza a realidade média da lavoura. “É preciso levar em conta que cada lavoura tem um custo de acordo com suas especificidades e a meta é alcançar uma referência média, que reflita os valores empregados pela maioria dos produtores”, explica.