Ajustando RUMOS
Arroz do MT busca diferencial de qualidade.
Segundo maior produtor de arroz do país, o Mato Grosso passa por um período de turbulência na safra 2005/2006. Dentre as causas deste cenário estão a supersafra 2004/2005, importações do Mercosul, baixos preços e as dificuldades recorrentes do volume de crédito para financiamento das lavouras, além do fato da variedade Cirad 141 não alcançar classificação de longo fino em 2005.
O pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Carlos Magri Ferreira, acrescenta ainda os fatores climáticos que contribuíram para depreciação da qualidade do cereal e o excesso de confiança dos agricultores de que o mercado e principalmente o Governo comprariam todo o volume de arroz ofertado. Segundo Magri, essa situação foi agravada pela falta de infra-estrutura de secagem e armazenamento na propriedade, que não permite a necessária flexibilidade para comercializar o arroz.
DESAFIO – Diante deste cenário, o grande desafio para os programas de melhoramento de arroz de terras altas é obter produtos com a qualidade da BRS Primavera, que caiu nas graças dos consumidores pela aparência física e as características culinárias. Essa cultivar, lançada pela Embrapa em 1996, é até hoje referência para produtores e indústrias do Mato Grosso e do Centro-oeste.
O melhorista Emílio Castro lembra que há cultivares no mercado, como BRS Colosso e BRS Soberana, com a qualidade do Primavera. Lamenta sua baixa disponibilidade no mercado formal de sementes e que as variedades sofreram quebra da sua resistência à brusone – doença fúngica -, o que as torna exigentes com relação ao manejo fitossanitário.
BOA NOTÍCIA – Boa notícia é que a Embrapa Arroz e Feijão produz sementes de três novas variedades com bom desempenho agronômico e padrão de qualidade do Primavera para lançar em 2007. Enquanto isso, o melhorista Orlando Morais aponta as características agronômicas da cultivar BRS Curinga, como alternativa. “O grão não tem exatamente padrão do Primavera em certas condições de lavoura, mas o desempenho o qualifica para ocupar uma posição de destaque no Mato Grosso em termos de rusticidade e produtividade”, afirma.
Questão básica
A chefe da Embrapa Arroz e Feijão, Beatriz Pinheiro, crê que o Mato Grosso vai se reerguer desse momento de adversidade. Ela ressalta que “especialmente na região centro-norte do estado, as condições climáticas são altamente propícias ao cultivo do arroz, permitindo a obtenção de produtividades altas e estáveis”. Lembra que a garantia da disponibilidade de produto de boa qualidade atraiu investimentos em infra-estrutura, na forma de novas indústrias e modernização das já existentes. “A interdependência entre o setor produtivo e a indústria, estimulado pela dificuldade logística de adquirir produto de outros pólos de produção, privilegia o franco diálogo e a harmonização de interesses das duas partes”.
FIQUE DE OLHO
Conforme os pesquisadores na área de sistemas agrícolas, Tarcísio Cobucci e Flávio Wruck, haverá em breve novidades para manejo do cultivo do arroz no Mato Grosso, principalmente com relação ao nitrogênio. Eles trabalham no ajuste das novas cultivares ao sistema de plantio direto, para a inserção da cultura nos sistemas de produção de grãos, especialmente após soja, e na integração lavoura-pecuária, em consórcio com pastagens.