Ajuste em bloco

 Ajuste em bloco

Mesmo com estiagem, o Mercosul ofertará 10% do comércio mundial de arroz

Mercosul diminui produção e área, mas segue como grande fornecedor global

 

O Mercosul será mais uma vez autossuficiente e capaz de fornecer quase 10% de suprimento de arroz ao mercado mundial, ainda que registre pequena retração em área cultivada e produção na temporada 2021/22. A estiagem reduziu a área em 2,1%, para 2.133,6 mil hectares. O clima adverso reduziu a produção em 5,5% para 14,572 milhões de t.

A área colhida entre os quatro países reduziu 45,9 mil hectares e o volume baixou 854 mil toneladas. Os números são aproximados no Brasil, pois, até o fechamento da edição, a Conab não havia divulgado o levantamento de maio, em que se espera correção nas lavouras gaúchas.

Pela projeção, Brasil e Paraguai reduziram áreas de cultivo – perdas inclusas – em 2,8% e 11,1%, respectivamente. Argentina e Uruguai aumentaram 2,5% e 13%, também de forma respectiva. Só o Uruguai terminou o ciclo com mais produção (13,1%), contra retração forte na Argentina (-14,3%), no Brasil (-6,4%) e no Paraguai (-8%) em volume de colheita. O Mercosul colhe, portanto, 14,572 milhões de toneladas, 5,5% abaixo dos 15,43 milhões de 2021.

No Uruguai, a perda de 300 hectares não traz impacto relevante à safra. “Estamos colhendo a maior safra em muitos anos”, diz o presidente da Associação dos Cultivadores de Arroz do Uruguai, Alfredo Lago. A Argentina, por causa da seca, teve reduzida em 250 mil t a expectativa de colheita, agora de 1,2 milhão de toneladas.

O Paraguai reduziu área de 172 mil para 144 mil hectares, a menor em cinco anos. A limitação de água pela terceira temporada força mudanças de empresas da bacia do Rio Tebicuary para a do Rio Paraguay. A produção ficará em 860 mil t.

Assim, o principal bloco fornecedor de arroz fora da Ásia deve exportar 3,51 milhões de toneladas de arroz (base casca). O problema é que 1,160 milhão de t serão transacionadas intrabloco – o Brasil importará 1,15 milhão de t. Em 1º de março de 2023, haverá um saldo de 1,8 milhão de toneladas no Mercosul. Quase todo no Brasil.

A menos que ocorra nova explosão de demanda global, o câmbio ajude os brasileiros e a competitividade cresça em proporções superiores à esperada, o que não foi o caso deste primeiro quadrimestre de 2022.

Argentina

O governo argentino informou, ao fim de abril, que 88% da lavoura de arroz estavam colhidas, com superfície semeada de 199,8 mil hectares, mas perdas produtivas de 14,3% sobre a última previsão. Agora, estima colher 1,2 milhão de toneladas, base casca, depois de esperar 1,45 milhão de toneladas no início do ciclo e reduzir a estimativa para 1,4 milhão.

O país foi atingido pela mesma estiagem que afetou aos vizinhos. A região mais prejudicada foi a Província de Corrientes, no norte Argentino, que faz divisa com a fronteira oeste gaúcha e responde por 45% da produção do país. Ali, as perdas superam 20%.

A Argentina exportou pouco mais de 450 mil toneladas em 2021 e deve elevar a comercialização em 60 mil toneladas ao longo de 2022/23 graças a dois fatores importantes. A maior competitividade no início do ano frente a outros fornecedores do Mercosul e dos EUA e as compras em maior volume realizadas pelo Brasil entre fevereiro e abril, que devem ser remetidas até agosto.

Paraguai

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estimou a produção de arroz do Paraguai em 2022 em 860 mil toneladas, queda de 27% no ano e 10% abaixo da média de cinco anos.

O declínio produtivo resulta do clima, que reduziu os rendimentos de campo. Enquanto a área plantada estava inicialmente prevista para 172 mil, a área colhida é estimada em 144 mil ha, pois os agricultores tiveram que abandonar vários milhares de hectares por falta de água para irrigar as lavouras.

Enquanto a produção de 2023 está prevista para se recuperar em 2023 e somar 751 mil toneladas do grão (beneficiado), o Usda relatou preocupações entre os agricultores sobre a disponibilidade de fertilizantes, o que poderia aumentar o custo de produção em US$ 200/ha.

Isso e as experiências dos rizicultores com a seca durante o plantio da safra de 2022, que pode prolongar-se, gerando risco de uma nova contração da área cultivada na safra de 2023. Há migração de áreas do Tebicuary para o Rio Paraguay.

Uruguai

A safra de arroz 2021/22 uruguaia terá a maior produção em 10 anos. O avanço de 15% em área, para 163,8 mil hectares, e a boa capacidade das barragens são razões importantes. A estabilidade produtiva, acima de nove mil quilos/ha, leva a produção a 1,51 milhão de toneladas, a maior desde 2010/11, quando foram colhidos 1,63 milhão t em 195 mil ha.

O Uruguai destaca-se em rendimento por área, com crescimento anual de 2% em 20 anos, a melhor da América, entre as cinco do mundo.

A alta de preço dos insumos e custos internos, em dólar, desafia a safra atual. Mas o setor acumulará três anos de margens positivas pelas boas colheitas e preços de venda. A safra 2021/22 terá margem líquida por hectare de aproximada de US$ 200.

As exportações devem gerar ao menos US$ 500 milhões, acima dos últimos oito anos, e o Uruguai será um dos 10 maiores exportadores. O arroz uruguaio chega a mais de 40 países e 17 milhões de pessoas. União Europeia, Iraque, Peru, Brasil, México, Turquia e Venezuela são os principais destinos.

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