Alívio após a crise

Santa Catarina é o único estado brasileiro que não apresentou queda na produção de arroz na safra 2011/12. Pelo contrário, de acordo com o levantamento de julho divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), aumentou em 8,2% em relação às 996,4 mil toneladas colhidas em 2010/11, fechando as contas em 1.077 mil toneladas e manteve-se com a segunda maior colheita deste cereal no ranking nacional.

Grande parte desse desempenho se deve aos altos índices de produtividade alcançados pelas lavouras do Sul do estado, que superaram a barreira das 7.200 toneladas por hectare. Em comparação com as safras anteriores, a última maior produtividade média havia ocorrido em 2002/03 e 2007/08, quando foram alcançados 144 e 138 sacos (7.200 toneladas e 6.900 toneladas) por hectare, respectivamente.

Conforme dados levantados pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), a região de Tubarão foi a que apresentou o maior incremento percentual na produtividade em relação à safra de 2010/11, obtendo um aumento de 30% com a média de aproximadamente 144 sacas por hectare. Já a região de Araranguá foi a que alcançou a maior produtividade média, com 150 sacas por hectare, o que representou um aumento de 20% em relação à última safra.

A menor variação registrada foi na região de Criciúma, com 9% de incremento em relação ao ano anterior, em virtude de perdas por granizo nos municípios de Nova Veneza e Forquilhinha, e da falta de água em outras áreas. Levando em conta as três regiões que possuem uma área plantada de 91.340 hectares para produção de grãos e 3.530 hectares para a produção de sementes, a variação de produtividade média se aproximou dos 20% e em relação à safra 2010/11.

O município de Turvo configura-se como o maior produtor de arroz da região, com uma área plantada de 10.050 hectares. Individualmente, a maior produtividade alcançada foi 238 sacas por hectare (11.900 toneladas) no município de Maracajá, em uma área de sete hectares. O Sul de Santa Catarina também se destaca por ser a maior região produtora de sementes de arroz do estado, com 3.530 hectares plantados para este fim, abastecendo a região e comercializando inclusive para outros estados.

RENDA
Na avaliação do vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, esta é a maior e a melhor safra da história da região em termos de produtividade. “Apesar da escassez de água, foi possível irrigar satisfatoriamente as lavouras e houve seca durante o período da colheita. Tudo isso associado a uma recuperação de preços e à queda no RS acabou resultando em uma recuperação de renda para o setor, trazendo certo alívio aos produtores. Na região de Araranguá e Turvo, por exemplo, os produtores já comercializaram, em média, 50% da safra e estão aguardando melhores preços”, explica o dirigente.

Barbieri acredita que este quadro abre perspectivas favoráveis para a próxima safra no estado. “O produtor terá mais fôlego para planejar a lavoura, fazer a preparação do solo, efetuar um bom plantio, com todas as técnicas necessárias, e até investir um pouco mais na propriedade. Em Santa Catarina não vai acontecer o que acontece no RS, onde a lavoura de arroz pode ser substituída pela soja. Isso também estimula os catarinenses a continuar produzindo arroz, sempre buscando um maior desempenho”, observa.