Alta do arroz não repõe prejuízos, diz produtor
Produto está custando R$ 34,60 a saca de 50 quilos, e foi vendido a R$ 20,60 no ano passado .
Embora os dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apontem um aumento de 18% para o arroz nas últimas quatro semanas, os produtores gaúchos entendem que o aumento apenas repôs parte dos prejuízos dos últimos quatro anos.
– No ano passado, o arroz foi vendido a R$ 20,60 a saca de 50 quilos – disse o analista de mercado do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), Camilo Oliveira.
Já o presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, entende que, embora seja um alimento básico, o arroz representa um gasto diário de apenas R$ 0,15 na mesa do brasileiro aos preços atuais.
Segundo ele, os dados divulgados pela FAO são de que os brasileiros consomem 42 quilos de arroz per capita ao ano a R$ 0,60 ao quilo, preço pago ao produtor.
Rocha e Camilo concordam que dificilmente aumentará a área plantada do cereal na próxima safra no Rio Grande do Sul, não por influência dos preços, mas por causa das reservas hídricas que ainda precisam ser repostas. As regiões mais atingidas pela estiagem, central e fronteira oeste, estão entre as principais produtoras de arroz no Estado.
O analista de mercados do Irga, Camilo Oliveira, acredita que deverá haver aumento da área plantada de arroz no Centro-Oeste, Norte e Nordeste (Goiás, Tocantins, Piauí e Maranhão), onde se cultiva o arroz de sequeiro.
– Lá eles não têm o problema de reservas de água e o cereal é cultivado no período chuvoso do ano – afirma o técnico.
O aumento dos insumos também já retirou grande parte do ganho dos agricultores gaúchos, que ontem tiveram a renegociação de suas dívidas aprovada por medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com Renato Rocha, o custo de produção da próxima lavoura já está em R$ 30 por saca produzida, em razão dos aumentos dos fertilizantes (120%), defensivos (45%) e óleo diesel (15%). Já o preço, estabilizado pelos leilões da CONAB, fechou na terça-feira em R$ 34,60 a saca. Para plantar e colher um hectare de arroz irrigado são necessários 120 litros de óleo diesel, além de um gasto muito grande em energia elétrica, utilizada para recalcar a água nos levantes das lavouras.