Aprendendo a jogar

 Aprendendo a jogar

2004 foi o ano de aprender. 2005 é o ano de exportar

Com mais bagagem, o Brasil volta a planejar exportação.

O grande esforço desenvolvido em 2004 pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) e outras entidades representativas da cadeia produtiva gaúcha para exportar ao menos 75 mil toneladas de arroz (base casca) não foi em vão. No final das contas, mesmo que a exportação do cereal não tenha se concretizado nas bases que era negociada, o saldo da investida ainda pode ser considerado positivo. 

Há pelo menos dois bons motivos que levam a esta conclusão: o primeiro é a concretização das vendas externas que alcançaram 53 mil toneladas do grão (base casca), um aumento de 126% em relação à safra anterior. Até o final do ano/safra, a expectativa é de que esse volume alcance 100 mil toneladas. Em 2004, foram exportadas 36,28 mil toneladas de arroz beneficiado (principalmente parboilizado), um volume que ficou 126,4% acima de 2003. O presidente do Irga, Pery Sperotto Coelho, considera que mesmo por outros caminhos, a meta está muito próxima de ser alcançada. 

O segundo fator determinante para que a tentativa de venda internacional seja considerada vitoriosa é o ganho em experiência, contatos, conhecimento do processo e o planejamento estratégico resultante. É com toda esta bagagem que a cadeia produtiva de arroz do Rio Grande do Sul inicia o ano de 2005 com uma estratégia de exportação montada e a parte de logística organizada. O presidente da Federarroz, Valter José Pötter, considera que o impacto nos preços do cereal no mercado interno será muito positivo com a confirmação de uma exportação. “Independentemente do volume, a venda externa abre novos caminhos e retira parte do excedente de nosso mercado”, frisa. Segundo Pötter, pela maneira com que os elos da cadeia produtiva estarão integrados ao projeto, são muito grandes as chances de êxito.

 

Na hora

Para atender aos pedidos de importação de arroz do Rio Grande do Sul no prazo e nas condições oferecidas pelos importadores, é preciso estar com toda a estrutura montada. Para não perder o trem das oportunidades, em 2005 a organização do processo foi priorizada. E os elos da cadeia produtiva conhecem bem o seu papel no esquema montado para o Projeto Exportação. Os produtores interessados deverão disponibilizar entre 5% e 10% do volume colhido para a exportação e as cooperativas e indústrias estarão encarregadas de cuidar da logística industrial. O presidente da Federação das Cooperativas de Arroz do Rio Grande do Sul, André Barreto, destaca que 2004 foi um ano de comercialização difícil também para a indústria, que vê na exportação uma alternativa interessante para equalizar o mercado. 

A idéia central é criar um centro de informações identificando quanto há de produto disponível, onde está localizado, qual a sua qualidade e quantidade, estrutura logística e industrial para processar de maneira ágil o produto. O plano é simples. Todo esse arroz deixaria de ser ofertado no mercado brasileiro imediatamente e não pressionaria o mercado interno.
No momento que surgir a oportunidade de negócios, será possível acionar esse mecanismo para que o arroz seja beneficiado atendendo aos prazos e especificações dos importadores. O foco inicial é a exportação de arroz beneficiado pelas possibilidades que abre o mercado e para agregar valor ao produto. 

FATORES – Além de todo o planejamento estratégico, existem outros fatores que podem interferir na viabilização do negócio. O comportamento do mercado internacional até agosto (quando entra o arroz norte-americano) e o câmbio são alguns dos exemplos clássicos. Para fortalecer o sistema, a empresa Noronha Advogados, de São Paulo, estuda de que forma os governos federal e estadual podem colaborar para incentivar as vendas externas dentro do previsto na legislação brasileira e os acordos comerciais.

Fique por dentro
O mercado mundial de arroz longo-fino é de 7,2 milhões de toneladas. O Brasil acredita que pode, a médio prazo, abocanhar uma fatia considerável desses negócios. A uma conclusão, no entanto, o setor já chegou: não adianta exportar 100 ou 200 mil toneladas e permitir que os excedentes do Mercosul continuem entrando em grandes volumes.

 

Tsunami movimenta o mundo do arroz

A passagem devastadora da onda tsunami na costa do Oceano Pacífico provocará redução na oferta mundial de arroz. Conforme levantamento realizado pela equipe de política setorial do Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), com base nos dados preliminares apurados pelo Fundo das Nações Unidas para Agricultura e a Alimentação (FAO), a produção mundial da safra 2004/2005 terá redução de até 14,4 milhões de toneladas referentes às perdas registradas na Indonésia, Sri Lanka e Tailândia, o que equivale a 1,2 safra brasileira (12,8 milhões de toneladas em 2004). Na última safra, os três países colheram 80,8 milhões de toneladas do cereal. 

Segundo as análises da FAO, os prejuízos foram causados pela destruição da estrutura de irrigação das lavouras (canais, reservatórios, sistemas de drenagem), pelo desnivelamento, erosão e salinização dos solos e pela alteração das características biológicas e químicas da água utilizada nas plantações. Para avaliar os efeitos do tsunami, o Irga projetou três cenários distintos, que apontam queda de 1,30%, 1,87% e 2,44% na produção mundial de arroz. Foram levadas em conta as médias históricas dos últimos cinco anos. 

Os maiores danos ocorreram no Sri Lanka, que teve perda total, com risco de desabastecimento alimentar. As plantações da ilha de Sumatra, que representam 10% da produção da Indonésia, também foram devastadas pela onda gigante. A Tailândia, que já havia encerrado a colheita, teve perda de 4% nos estoques armazenados na região sul. De acordo com a FAO, Índia, Bangladesh, Miamar e Ilhas Maldivas não tiveram perdas significativas.

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