Área plantada e produção podem ter queda, diz Guedes
Ministro também defende ampliação do seguro rural e visão mais técnica da CTNBio.
A área plantada com grãos na safra 2006/07 será mantida ou terá pequena queda em relação aos 47,2 milhões de hectares da safra 2005/06, segundo o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luís Carlos Guedes Pinto. A produção poderá ser menor que a da safra atual caso a área e tecnologia utilizadas sejam reduzidas, segundo o ministro. A safra de grãos 2005/06 soma 119,4 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
– Seria especulação anunciar qualquer número para a safra 2006/07, pois o primeiro levantamento da intenção de plantio só será feito em agosto – diz Guedes.
Questionado sobre a capacidade de investimento dos produtores devido à restrição de crédito, Guedes disse que “o governo fez o que estava no seu limite” quanto à prorrogação das dívidas antigas de custeio e investimento.
– Foram concedidos mais de R$ 2 bilhões para a comercialização de grãos. Os estoques do governo somam 5 milhões de toneladas, ante 250 mil toneladas há três anos – acrescenta.
O Ministério avalia a possibilidade de oferecer leilões de opção para apoiar a comercialização do café e a ampliação dos limites de financiamento para os cafeicultores.
SEGURO RURAL
O ministro defendeu a ampliação do apoio do governo e da adesão dos produtores ao seguro rural e aos certificados de recebíveis.
– Num primeiro momento, isso pode significar mais desembolso de recursos pelo governo. No médio e longo prazo, vai implicar em menos recursos oficiais e mais estabilidade para o produtor – diz.
Segundo ele, não deve haver novidades em relação á política de seguro rural e títulos agropecuários nesta gestão. Sobre a política cambial, Guedes diz que “espera que o dólar do período da colheita seja igual ou superior ao do plantio”.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, destaca que o agronegócio brasileiro vive o paradoxo de ter exportações recordes, mas produtores com rentabilidade muito pequena.
– Ainda não conseguimos ter padrão sanitário livre de qualquer suspeita. Poucas empresas conseguiram musculatura para serem protagonistas no mercado internacional – diz Furlan.
Os dois ministros defenderam uma postura mais técnica e menos política da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) na avaliação de transgênicos.
Em relação a efeitos dos conflitos do Oriente Médio para as exportações do agronegócio brasileiro, Guedes disse que não espera grandes reflexos. “Os embarques de frango para a região podem ser prejudicados. Já o petróleo mais caro contribui para a expansão do programa brasileiro de agroenergia”, diz.