Arrancada no vermelho

Brasil começa o ano com déficit na balança comercial do arroz

 

O Brasil começou o ano comercial (março/22 a fevereiro/23) com déficit na balança comercial por uma conjuntura favorável às importações. O câmbio, com apreciação do real sobre o dólar, previsão inicial de quebra por seca, baixo interesse de venda doméstica, que elevou preços acima do patamar internacional, causaram mais importações e menos vendas.

Em março, o Brasil importou 106,9 mil toneladas e, em abril, 178,2 mil. O período soma 286,1 mil t. Em contraste, exportou 180,3 mil em março e 67,8 em abril, embarcando 248,1 mil t. A maior parte em quebrados para África, EUA e Europa.

O déficit crescerá em maio e junho. O Brasil comprou quase 600 mil toneladas no Mercosul e receberá até agosto. “Pressionará o mercado, pois ficamos sem exportações para equilibrar a balança”, diz Antônio da Luz, economista da Farsul.

Doravante, o desafio será vender mais que comprar, mantendo estoques em níveis seguros ao consumo e remuneração à cadeia produtiva. A situação complica-se no beneficiado. Além do nó logístico e disparada de preços do transporte marítimo, em especial contêineres, a guerra na Europa gerou a crise global energética e um lockdown na China pelo covid-19 causou congestionamento de navios, o que encarecerá mais os embarques.

“Ficamos sem competitividade, mesmo com os futuros na Bolsa dos EUA disparando pela previsão de nova redução na safra deles, o que pode abrir oportunidades no segundo semestre”, frisa Tiago Sarmento Barata, executivo do Sindarroz-RS.

Percio Greco, trader sênior da TRC, considera que apesar da desvantagem momentânea, há luz no fim deste túnel. “A safra restrita dos Estados Unidos nos deixa mais competitivos, eleva os preços internacionais e o Brasil pode apoiar-se em boas vendas para as Américas. Se o câmbio ajudar e o cenário confirmar-se, o segundo semestre deve ter demanda fortalecida. Isso é bom para o mercado doméstico”, resumiu.

A Conab não mexeu no seu quadro de oferta e demanda e manteve a expectativa de exportação de 1,3 milhão de toneladas e importação de 1 milhão de toneladas. A confirmar-se, o Brasil ainda precisaria importar 713,9 mil toneladas e exportar 1,159 milhão de toneladas para chegar ao valor. A média mensal seria de 71,4 mil toneladas de ingressos pelos próximos 10 meses, e 115,9 mil toneladas de embarques.

BOA NOTÍCIA
A antecipação das compras no Mercosul gerou aquisição de dois terços da safra paraguaia pelo Brasil até agosto. Portanto, o nosso maior fornecedor terá um saldo pequeno para ofertar no segundo semestre.

MÁ NOTÍCIA
A redução da TEC sobre importação de arroz de terceiros mercados (fora do Mercosul) é a ameaça da vez. Originalmente, era 10% para arroz em casca e 12% no beneficiado, mas, em 2021, caiu a 9% e 10,8%, respectivamente. Agora, deverá baixar a 8% (casca) e 9,6% (beneficiado). A isenção total é ventilada para os produtos da cesta básica.

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