Arroz: a colheita, a política e o futuro

Autoria: Tarso Francisco Pires Teixeira.

Em fevereiro fui a Restinga Seca, para a abertura oficial da colheita do arroz, anualmente promovida pela Federarroz com a parceria da Farsul, Irga e outras forças do agronegócio gaúcho. Neste ano, o evento foi realizado sob a tensão da mais grave crise de comercialização da história do setor, fortemente agravada pela estiagem que castigou o Estado. Havia, portanto, grande expectativa com relação ao pronunciamento das autoridades. O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, foi taxativo ao propor a proteção do arroz brasileiro contra a concorrência do produto argentino e uruguaio, que chega ao nosso mercado a preços mais competitivos que o nosso arroz, que é pressionado pela alta carga tributária e exigências sanitárias. Em seguida, foi a vez de o governador Tarso Genro, que se dispôs a liderar as reivindicações do setor junto ao governo federal, algo surpreendente se recordarmos a visão nada amigável de seu grupo político sobre o chamado agronegócio “empresarial”.

A expectativa agora é que os discursos se traduzam em ações efetivas. É ilusão pensar que o governo brasileiro, grande fiador da existência do Mercosul, irá modificar sua postura histórica em relação ao pacto de uma hora para outra, adotando medidas protecionistas que os governos do outro lado do Prata não têm qualquer receio de praticar. O arroz dos “hermanos” serve como contrapeso para garantir que o produto chegue barato na cesta básica. A saída pelo mercado externo, em tempos de dólar volátil e crise internacional, é também uma incógnita.

Reduzir a produtividade para elevar o preço, numa aplicação ingênua da lei da oferta e da procura, seria entregar a nossos concorrentes de fala hispânica uma fatia maior do nosso mercado interno, que seria dificílima de recuperar. A cultura de arroz é a que detém a cadeia logística mais estável do Estado, com várzeas preparadas, barragens e armazéns, uma estrutura que não poderia ser facilmente empregada por outra cultura. Esperamos que nossas autoridades tenham a sensatez de construir soluções para este embate, conferindo ao arroz nacional a plena viabilidade econômica, com geração de renda coerente com o lugar de destaque que possui na alimentação básica do brasileiro.

Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel/RS

 

* Publicado originalmente no Jornal do Comércio (RS)

1 Comentário

  • SINCERAMENTE, NÃO ENTENDI A POSIÇÃO DO SR. TARSO TEIXEIRA.
    REDUZIR AREA NÃO SERIA UMA ALTERNATIVA CORRETA, NEM CONTAR COM TAXAÇÃO DE ARROZ DO MERCOSUL, BEM COMO , APOSTAR EM UM FUTURO DE EXPORTAÇÃO DE ARROZ ESTAVEL… BOM..ENTÃO, QUAL SERIA A MAGICA PARA SE CONSEGUIR RECEBER, AO MENOS, R$ 30,00 PELO SACO DO ARROZ, FUGINDO DE TODAS ESTAS ARAPUCAS CITADAS POR ELE, JÁ QUE TEMOS UM CONSUMO INTERNO ESTAGNADO A ANOS A FIO ??????

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