Arroz com camarão

 Arroz com camarão

Rizicarcinicultura é alternativa para a lavoura tropical
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Uma das delícias da culinária brasileira é um bom risoto de camarão, prato obrigatório nos restaurantes e lares do litoral brasileiro. Mas no interior paulista, camarão com arroz é mais do que um prato, é alvo de um importante estudo dos pesquisadores vinculados ao Pólo Regional do Nordeste Paulista (IAC), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que busca conjugar as duas culturas e apresentar uma alternativa de renda a mais aos arrozeiros das regiões tropicais do país onde se cultiva o cereal em sistema irrigado. O estudo ainda está na fase de análise da viabilidade técnica da criação do camarão amazônico junto à cultura do arroz. A prática da rizicarcinicultura (cultivo do camarão nos próprios tabuleiros de cultivo de arroz) pode se tornar uma alternativa de agregação de valor para os produtores de arroz da região de Mococa (SP) e outras regiões do país, em contrapartida ao momento de desestímulo pelo alto custo de produção e pela baixa remuneração obtida nas últimas safras. 

O projeto “Estudo da viabilidade técnica da rizicarcinicultura na região nordeste paulista” recebeu financiamento da Fapesp e é desenvolvido em parceria com o Instituto de Pesca e a Unesp/Jaboticabal. O pesquisador Marcelo Villar Boock é um dos coordenadores do projeto. Segundo ele, a rizicarcinicultura é uma técnica praticada há muito no sudeste asiático, mas ainda inédita no Brasil, o que exige o desenvolvimento de uma tecnologia e um sistema de manejo próprio. Assim, até que seja comprovada a viabilidade técnica, há muitos riscos para levar a proposta aos produtores. Também por este motivo, parte do trabalho dos pesquisadores se concentra em adequar uma espécie nativa do camarão às condições ambientais presentes nas regiões com potencial para consorciar as duas culturas. 

O projeto, que será finalizado em dezembro de 2007, pretende avaliar as possibilidades de agregar valor à produção paulista de arroz, estimulando a atividade. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que a produção paulista passou de 114,2 mil toneladas em 2003 para 70,5 mil toneladas em 2007. Em quatro anos, a região diminuiu a área plantada em 20%. O projeto avaliará a viabilidade da rizicarcinicultura em vários parâmetros. No aspecto técnico, o objetivo é definir as densidades adequadas para povoar os tabuleiros. 

Os pesquisadores determinarão também quais adaptações precisarão ser feitas nos tabuleiros de arroz para produzir os camarões da espécie Macrobrachium amazonicum. Além disso, o projeto definirá estratégias de manejo do camarão para maximizar sua sobrevivência nos tabuleiros e pretende observar a estrutura populacional dos animais em relação às interações sociais entre eles. O sucesso do estudo poderá indicar a sua aplicação em outras regiões, com algumas adaptações.

Onde está sendo realizada a pesquisa?

A pesquisa está sendo feita em uma área experimental do Instituto Agronômico (IAC), instalada em várzea de 48 hectares que era utilizada para ensaios de variedades de arroz e produção de sementes. O projeto utiliza uma área de 700 metros quadrados dividida em 24 tabuleiros de cerca de 30 metros quadrados cada. Nas 24 parcelas, delimitadas por divisões de alvenaria, foi feito o delineamento estatístico da pesquisa. Foram feitos tratamentos com três densidades diferentes, utilizando 18 tabuleiros com seis repetições cada. E um tratamento sem camarão, ocupando outros seis tabuleiros. A lâmina d’água tem profundidades que variam entre 20 e 30 centímetros. 

Fique de olho

A concepção do trabalho é de um sistema que, além de produção satisfatória, conte com boa sustentabilidade ambiental. Os produtos da excreção do camarão, em tese, serviriam como adubo para o arroz. Os pesquisadores vão avaliar tecnicamente a situação, mas acreditam que os dejetos dos camarões possam adubar o arroz, proporcionando a diminuição da quantidade de adubo a ser usada na plantação. Em circunstâncias normais, o arroz recebe uma adubação durante o plantio e mais duas de uréia, denominadas adubações de cobertura, durante o crescimento. A expectativa é que o camarão permita reduzir o uso desses insumos. 

Questão básica 

O ciclo de produção do arroz dura cerca de 130 dias. O ciclo do camarão é um pouco menor. Os pesquisadores já fizeram duas colheitas do arroz. Na primeira colheita, o camarão continua nos tabuleiros até a gramínea rebrotar. Há possibilidade de colher o camarão já na primeira colheita do arroz, mas isso ainda depende de uma avaliação técnica para ver qual o procedimento tem melhor relação custo/benefício.

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