Arroz com o quê?

 Arroz com o quê?

Mistura: no prato ou na lavoura o arroz vai bem com quase tudo

Prato obrigatório na mesa brasileira, o arroz ganha novas misturas na lavoura
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Prática milenar na Ásia, o consórcio de arroz com outras culturas está ganhando espaço no Brasil. Ainda diretamente vinculadas às pequenas lavouras, as tecnologias de consórcio estão diretamente relacionadas à demanda por alternativas de menor impacto ambiental, com interação que permita reduzir custos e, por fim, na agregação de valor à atividade e aos produtos finais oriundos deste sistema de produção. Com a tradição de quase uma década, os sistemas de produção de arroz irrigado do sul do país continuam expandindo o uso consorciado de marrecos-de-pequim para limpeza das áreas de arroz, com grande repercussão no controle de pragas, limpeza dos quadros (principalmente no caso do pré-germinado) de ervas infestantes e, por fim, na geração de uma nova atividade na propriedade, que gera uma nova receita. 

O uso de carpas e de tilápias em sistema consorciado com o arroz também é uma prática adotada em larga escala nas propriedades rurais do Sul. A rizipiscicultura foi uma prática que chegou ao Brasil a partir de trabalhos da Epagri, de Santa Catarina, e de cooperativas de produção daquele estado. Em seguida, a tecnologia chegou ao Rio Grande do Sul, onde muitos trabalhos foram desenvolvidos pelo Irga e a Emater/RS. Atualmente, a produção de peixes na lavoura de arroz é um sistema bastante comum no litoral norte e na depressão central gaúcha. O peixe não só limpa a área, consumindo sementes e raízes de ervas daninhas, como alimenta-se de algumas pragas e revolve o fundo da lavoura, preparando o solo para o plantio. “Trata-se de um sistema que tem suas vantagens, desde que o manejo seja adequado. É uma alternativa para o pequeno produtor que busca agregar renda à sua área de cultivo e que pode até reduzir o custo de algumas práticas de preparo e controle da lavoura”, explica Luiz Antonio Valente, do Irga. 

Em São Paulo, a novidade é o estabelecimento de consórcio de arroz com camarão, a rizicarcinicultura, que está sendo estudada pelos cientistas do IAC. Além de adubar o solo e poder ser cultivado com o arroz, o camarão amazônico, espécie que está sendo testada, é uma importante fonte de renda, com boa demanda e valorização no mercado consumidor. A alternativa, inicialmente, destina-se ao nordeste paulista, mas se os experimentos iniciais derem certo, como é previsto, serão levados para outras regiões de arroz irrigado.

TERRAS ALTAS – O sistema de produção em terras altas também está encontrando novas formas de agregar valor e otimizar a utilização da área de lavoura. No norte e meio-norte do Brasil há experiências muito importantes direcionadas às lavouras de pequeno e médio porte, consorciando o arroz com o cultivo da mandioca. No Piauí, há trabalhos de cultivo em linha do arroz e da mandioca, com ganhos de produtividade em até seis vezes para o arroz e 10 vezes para a mandioca. São alternativas importantes, que demonstram a sintonia da pesquisa brasileira com as demandas dos produtores que buscam práticas mais limpas, de menor custo e que se complementem, também acrescen-tando maior produtividade e renda à propriedade rural.

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