Arroz da lua

 Arroz da lua

Chineses fizeram brotar sementes em sonda lunar para realizar pesquisas

Parte das 40 gramas sementes de arroz que foram à Lua brotaram e são alvo de estudos na China. As sementes passaram 15 dias na órbita do satélite natural e retornaram à Terra após 23 dias a bordo da sonda lunar Chang’e 5, em dezembro de 2020. Foi o primeiro experimento de reprodução e mutação induzida no espaço profundo em arroz e plantas, como alfafa, aveia, algodão e soja, realizado pela China.

Como plataforma de pesquisa científica e inovação em melhoramento espacial, o Centro Nacional de Pesquisa de Engenharia de Melhoramento Espacial de Plantas conduziu 24 experimentos de mutação induzida no espaço desde 1996. O material “lunar” foi devolvido aos fornecedores, como o Centro Nacional de Pesquisa em Engenharia de Reprodução Vegetal da Universidade Agrícola do Sul da China, para as novas etapas dos estudos.

A China foi o primeiro país a usar tecnologia espacial para induzir mutações na agricultura. “Tais mudanças são base da evolução das espécies e criação de variedades”, diz Guo Tao, diretor do centro. O arroz é considerado um organismo modelo na pesquisa genética, estratégico para este tipo de testes. Atualmente, são realizados experimentos de autofecundação e cruzamentos para gerar variedades que satisfaçam necessidades futuras em termos de resistência a doenças e pragas, tolerância aos estresses e adaptação à produção mecanizada.

Enquanto isso, os cientistas desejam verificar o que acontecerá com as sementes expostas a ambiente único na órbita lunar. A professora Sun Yeqing, da Universidade Marítima de Dalian, de Liaoning, tinha sementes de arroz e Arabidopsis thaliana no Chang’e 5, e considera a missão uma oportunidade que capacita os pesquisadores a evoluirem nos estudos sobre o efeito dos raios cósmicos no crescimento e evolução da vida na Terra.

A reprodução no espaço refere-se ao processo de expor sementes a forças como microgravidade, vácuo e radiação cósmica no voo espacial e, em seguida, enviá-las de volta à Terra para observação e plantio adicionais. Os pesquisadores observam e examinam várias gerações de plantas a partir destas sementes, e investigam suas mutações – algumas positivas e desejáveis, outras negativas. As de características positivas são mantidas e analisadas, e serão levadas aos agricultores após certificação e aprovação.

Entende-se que a reprodução espacial pode gerar mutações de forma mais rápida e conveniente do que experimentos tradicionais, além de trazer características desejáveis que, de outra forma, são difíceis de introduzir. Em comparação com tipos de plantas naturais ou convencionais, as versões positivas desenvolvidas no espaço, em geral, apresentam maior conteúdo nutricional, rendimentos anuais, períodos de crescimento mais curtos e melhor resistência a doenças e insetos, dizem os pesquisadores.

Fique de Olho
Para garantir sua segurança alimentar, a orizicultura chinesa precisa crescer 10% até 2030, ainda que o país colha a maior safra mundial e detenha 58% dos estoques globais do grão. São 35 milhões de toneladas, o equivalente a três safras brasileiras, razão pela qual tem investido fortunas em tecnologias de híbridos, tolerâncias a estresses múltiplos e até irrigação com água do mar.

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