Arroz deixa de ser o vilão da inflação

Para alguns, o arrefecimento no mercado internacional também pode explicar este movimento.

Considerado um dos vilões da inflação nos últimos meses, o arroz agora não mais poderá ser acusado, pelo menos se continuar o padrão de preços atual. Desde que o governo parou de intervir no mercado, no final de maio, os valores pagos aos arrozeiros no Rio Grande do Sul – maior produtor nacional do grão – praticamente se estabilizou.

Tem “andado de lado”, como dizem os analistas de mercado. Para alguns, o arrefecimento no mercado internacional também pode explicar este movimento.

O governo resolveu intervir no mercado em abril quando o preço do produto disparou – no final do mês, acumulando alta de 40% em 30 dias, entre abril e maio. Naquele mês, o produto subiu 23,1% e, no seguinte, 24,3%. No mercado internacional, a variação chegou a 50,4% em abril.

No último leilão governamental – que ofertou no mês de maio cerca de 280 mil toneladas -, o cereal estava cotado a R$ 34,08 a saca (50 quilos) e, ontem, R$ 33,41 – uma queda de 2% no período, mas mantendo-se quase estável desde o dia 3. O analista Élcio Bento, da Safras & Mercado, acredita que, a partir de agora, com a saída do governo, o preço possa ter um viés de alta.

– Há um equilíbrio de forças no mercado. De um lado, o comprador abastecido e, de outro, o vendedor esperando – diz.

– O que estava fazendo o mercado subir era o cenário internacional – diz Paulo Morceli, superintendente de Gestão de Oferta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Na sua avaliação, a cotação externa do cereal chegou a um patamar fora da capacidade de compra dos importadores. Em maio, mês com o maior preço do produto na Tailândia, o arroz era cotado a US$ 963 a tonelada – na média do mês, mas chegou a bater os US$ 1 mil a tonelada. Em janeiro, saia a US$ 385 a tonelada – valorização de 150% no período.

– Como o mercado internacional se estabilizou, o interno também – lembrando que o produtor aproveitou a alta.

Segundo ele, entre março e maio 44% da safra foi comercializada ante a 16% no mesmo período do ano passado.

– O mercado encontrou seu ponto de equilíbrio”, afirma o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

Na avaliação dele, o preço atual é reflexo do cenário internacional mas, muito mais, do interno pois, segundo ele, o produtor vendeu bastante e a indústria está abastecida. Na avaliação de Fischer, ao consumidor o preço também está em equilíbrio – cerca de R$ 2 o quilo.

Desde do começo do ano,de acordo com consultorias, o consumidor já pagou 25,7% a mais pelo produto. No mesmo período – janeiro a maio – a inflação acumulada é de 2,9%. O arroz representou 0,2% do total da inflação. Em junho o produto parou de subir, mas que talvez ainda possa ter algum reflexo no índice de julho, pois sempre já uma defasagem. No mesmo período, a alta ao produtor foi de 41,6%, de acordo com os dados da Safras & Mercado.

– Certamente daqui para frente o arroz não será mais o vilão da inflação – diz consultor.

Apesar disso, ainda está garantido mais um leilão de estoque do governo, dia 30, com oferta de 50 mil toneladas.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter