Arroz deve seguir em baixa até maio

Analistas prevêem retomada na curva de crescimento dos preços do arroz pago ao produtor a partir de junho. Enquanto isso, o mercado espera os contratos de opção, a Conab prevê uma safra recorde e o Irga negocia primeira grande exportação do grão em mais de 30 anos.

Os preços pagos aos produtores de arroz devem continuar em baixa até maio, pressionados pela produção recorde prevista para esta safra 2003/04. No Rio Grande do Sul, responsável por quase 60% da produção nacional, a saca de 50 quilos, que chegou a R$ 39,77 em dezembro, recuou 17,4% nos últimos 30 dias, para R$ 31,70 em março. “A tendência é ver preços menores até o fim da colheita, em maio, quando a saca poderá chegar a R$ 30,00 no Rio Grande do Sul”, acredita Paulo Morcelli, técnico em análise econômica de arroz da Conab.

Segundo a Conab, 20% da safra brasileira está colhida. No Mato Grosso, os preços recuaram 0,7%, para R$ 33,75. Morceli explica que os preços se sustentam no Centro-Oeste porque o plantio foi atrasado em dois meses e os produtores estão priorizando a comercialização da soja.

A Conab estima para 2003/04 uma produção 20,2% maior que em 2002/03 (12,5 milhões de toneladas) e um consumo de 12,6 milhões de toneladas, 4% mais. Até agora, a maior produção nacional registrada foi de 11,6 milhões de toneladas, em 1998/99.

Graças a um acordo fechado com os países do Mercosul, a importação do cereal ficará entre 500 mil e 1 milhão de toneladas, permitindo ao país elevar seu estoque de passagem de 880 mil, no mês passado, para 1,2 milhão de toneladas em fevereiro de 2005.

Além de ajudar a controlar os preços, os estoques estimulam produtores a voltarem os olhares ao mercado externo, que anda com preços aquecidos em função da baixa estocagem mundial. Em 2003, o volume era de 106 milhões de toneladas e a expectativa é que esse total baixe para 83 milhões até o final do ano.

Desse total, 45 milhões estão China, país que consome em média 135 milhões de toneladas por ano e encerrou 2002/03 com déficit de 20 milhões de toneladas. “Em dois anos, o país não terá mais estoques e essa perspectiva está elevando as cotações internacionais”, avalia Marco Aurélio Tavares, diretor da Federarroz.

Entre fevereiro de 2003 e o mês passado, a Tailândia – maior fornecedor de arroz à China – elevou seus preços em 26% por tonelada FOB (free on board), para US$ 252 dólares. De olho nesse mercado, os produtores gaúchos negociam a exportação de 70 mil toneladas de arroz em casca para Peru, Chile e Trinidad e Tobago. “A meta é abrir mercados para o arroz em casca e, no futuro, chegar aos importadores de arroz beneficiado, como a China”, afirma Marco Aurélio Tavares.

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