Arroz em rede

 Arroz em rede

Industriais gaúchos em visita à China

11 indústrias somam forças no sul do Brasil
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Se a união faz a força, a ação em rede tem se tornado uma importante estratégia organizacional e de mercado para um grupo de 11 indústrias de arroz do Rio Grande do Sul: a Rede Arrozeiras do Sul. Trata-se de uma aliança estratégica estabelecida a partir de um projeto gaúcho que fomenta o associativismo e o cooperativismo, as chamadas redes de cooperação. Centenas foram formadas no estado nos mais diversos segmentos, mas a única rede arrozeira reuniu empresas da depressão central gaúcha e tem sede no município de Santa Maria.

Apesar de mais antiga, a idéia só ganhou forma em outubro de 2005, com um encontro entre 10 empresas convidadas e representantes do Governo do Estado. Em 30 de janeiro de 2006 houve o lançamento oficial da Rede Arrozeiras do Sul, que conta atualmente com 11 empresas. Segundo relata o presidente Cezar Freitas, o grupo surgiu com o objetivo de identificar e disponibilizar novas tecnologias, proporcionar intercâmbio de informações, agregar valor aos produtos dessas indústrias, elevar o poder de negociação, desenvolver pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos e identificação de novos mercados e ser ecologicamente responsável.

Em apenas 10 meses de criação, algumas ações já resultaram em ganhos importantes aos associados. Além de aumentar o poder de barganha na compra conjunta de máquinas, equipamentos, peças de reposição e materiais diversos e estabelecer uma vantajosa troca de informações sobre mercado, tecnologias e processos industriais, as empresas associadas realçaram a importância da formação do capital social, onde há necessidade de uma quebra de paradigma dada à natureza familiar e os aspectos culturais envolvidos nas indústrias, que muitas vezes não se mostram preparadas para enfrentar as mudanças impostas pela conjuntura político-econômica ou de mercado.

 

China 

Por meio da organização, com apoio do Sebrae, do Governo gaúcho e da Prefeitura de Santa Maria, foi possível aos empresários realizarem duas viagens técnicas para a China, na Feira de Cantun e na Feira de Sial, em Xangai. “Tivemos a oportunidade de conhecer algumas das máquinas mais modernas do mundo e uma infinidade de produtos derivados do arroz que nem imaginávamos existir”, explica Cezar Freitas. A partir dessa experiência inicial, a rede está procurando estabelecer parcerias técnicas para o desenvolvimento de produtos especiais e também para exportação.

Opinião
Jussara Foletto acredita que a cadeia produtiva ganha com a rede pela valorização do produto ou ações que beneficiam o setor, como incentivo ao aumento do consumo e a geração de produtos de maior valor agrega

 

Pesquisa é o primeiro passo

Embora com planos bastante audaciosos para agregar valor ao arroz beneficiado, a Rede Arrozeiras do Sul prioriza a pesquisa de mercado e de viabilidade de investimentos em novos produtos. “Como em qualquer projeto, precisamos pesquisar e estudar antes de realizar qualquer investimento, e isso, às vezes, não é tão rápido como gostaríamos que fosse”, explica Jussara Foletto, executiva da rede.

Buscar alternativas para o hábito do consumo de arroz no Brasil é considerado um desafio para a rede. Jussara destaca que na China, onde arroz também é considerado um medicamento, o consumo gira em torno de 124 quilos per capita/ano. No Brasil, o consumo é de 52 quilos per capita anual. “Mas é um cereal nobre, altamente saudável e nutritivo que pode ter outros aproveitamentos na composição de alimentos de alto valor agregado”, acrescenta. Segundo Cezar Freitas, presidente da rede, a alta carga tributária é outro obstáculo para novos investimentos. 

Quem está na rede

1 – Arrozeira Sepeense S/A
2 – Cereais Peger Ltda
3 – Fausto Dotto e Cia Ltda
4 – Fighera e Cia Ltda
5 – Freitas e Cia Ltda
6 – Irmãos Pillon Ltda
7 – Irmãos Niemeyer e Cia Ltda
8 – J. Fighera e Cia Ltda
9 – Marzari Alimentos Ltda
10 – Pagliarin e Cia Ltda
11 – Primo Berleze e Cia Ltda

Fique de olho
Há interesse em agregar mais alguns associados à Rede Arrozeiras do Sul. O objetivo é ampliar as vantagens conquistadas na compra conjunta de equipamentos e componentes de reposição para as indústrias e elevar o grau de negociações abrangendo novos setores e produtos. Está em estudo o lançamento de uma marca em comum da rede e também de novos produtos. O mercado internacional também é foco de pesquisas específicas da rede.

Questão básica
No início, a idéia de formação de uma rede de indústrias arrozeiras sofreu resistência, pois tratava-se de unir empresas com perfis de administração diferentes. “Porém, podemos perceber também uma mudança no perfil de conduta e pensamento das empresas reunidas que, antes vistas como concorrentes, hoje são parceiras. Podemos salientar ainda que existem indústrias de arroz há 100 anos na região, cada uma fazendo o seu negócio individualmente, mas que agora se reúnem, trocam informações e fazem negócios juntas”, explica Jussara Foletto.

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