Arroz energético
Faltou preço. Sobrou energia e ganho ambiental.
A crise de rentabilidade na cadeia produtiva do arroz e os programas do Governo gaúcho de incentivo à geração de energia no Rio Grande do Sul, associados ao pagamento de créditos de carbono por países desenvolvidos, estão estimulando investimentos em usinas termelétricas com casca de arroz. Há pelo menos sete projetos anunciados, totalizando R$ 210,6 milhões em investimentos. O valor pode chegar a R$ 400 milhões com o investimento de uma empresa que deve instalar até 2009 vários parques de biomassa no estado, somando 100 megawatts-hora (MWh). Serão mais 80 milhões de dólares, ou R$ 182 milhões.
As sete termelétricas serão construídas nos municípios de Alegrete, Bagé, Dom Pedrito, São Borja, São Sepé e Itaqui. Juntas, devem gerar 35,7 megawatts-hora. O estado gera 8 MWh a partir da casca de arroz, mas a oferta de matéria-prima pode elevar esse volume a 250 MWh. O cálculo é de três toneladas de casca por um megawatt-hora.
A Hamburgo Empreendimentos e Participações instalará três usinas até 2007 para gerar 36,9 MWh e processar 10 mil toneladas de casca de arroz por mês. O investimento é de 58,5 milhões de euros (R$ 170 milhões). A energia será adquirida pela AES Sul e CEEE. Também está sendo instalada a Geradora de Energia Elétrica Alegrete Ltda (GEEA), com capacidade para 4 MW e investimento de R$ 25 milhões. Dos projetos anunciados no Rio Grande do Sul, sete são desenvolvidos pela PTZ Bioenergy Ltda e terão investimentos de grandes indústrias de arroz como Josapar, Cooperativa Agroindustrial de Alegrete (Caal) e Urbano Agroindustrial.
Os investimentos previstos são de R$ 65 milhões para gerar 35 MWh. “O setor arrozeiro está entre os de maior potencial de biomassa”, afirma Ricardo Pretz, da PTZ.
Questão básica
Até o final de setembro, três projetos de usinas de biomassa a casca de arroz no RS terão concluída a etapa de validação para receberem créditos de carbono. A negociação é com a holandesa BTG, parceira da gaúcha PTZ Fontes Alternativas. A Holanda é um dos 39 países que estão obrigados pelo Protocolo de Kyoto a reduzir, até 2012, emissões de CO2.