Arroz imune à oscilação em Chicago
O grão que antes da crise, no começo americana, hoje mundial, era cotado a cerca de U$ 20 o cwt (equivalente a 45,3 Kl), ficou na casa dos U$ 17 na segunda-feira e abriu o dia de ontem em alta de 30%.
O sobe-e-desce encenado pelas commodities agrícolas na Bolsa de Chicago (CBOT) não é acompanhado nem de longe pelo arroz. O grão que antes da crise, no começo americana, hoje mundial, era cotado a cerca de U$ 20 o cwt (equivalente a 45,3 Kl), ficou na casa dos U$ 17 na segunda-feira e abriu o dia de ontem em alta de 30%.
– As quedas mais drásticas foram de cerca de 10%, enquanto a soja e trigo caíram três vezes mais. O reflexo da crise no arroz é inferior ao sentido pelas principais commodities – analisa Marco Aurélio Tavares, vice-presidente de mercado da Federação dos Produtores de Arroz do Rio Grande do Sul (Federarroz).
Esse arroz, que para ele não pode nem ser considerado como uma “commodity de verdade”, mesmo sendo negociado no mercado de futuros não tem a mesma volatilidade, nem a mesma ´energia´ que os outros grãos.
– A formação de preços é determinada basicamente pela oferta e pela demanda – pontua Tavares.
Para melhorar e compensar a queda no preço tonelada no mercado internacional de cerca de U$ 300 em seis meses, o dólar subiu centavos de real o suficiente para manter o preço ainda atraente para o produtor brasileiro que tenha alguma saca estocada a ser exportada.
– De certa forma a pressão de baixa foi neutralizada pela desvalorização cambial – contabiliza Pércio Greco, presidente da Rice Brazil.
Para ele, e para boa parte dos exportadores de arroz, ´essa crise financeira não é bem uma crise, e sim uma saída´ para a equalização entre oferta e demanda assistida no mercado externo e que deixou o preço da tonelada em U$ 650.
– Já não existe mais aquele stress do reabastecimento.
O que existe agora é um cenário de crédito escasso e dívidas em abundância. Os tais R$ 5 bilhões anunciados pelo governo ainda não chegaram de fato às mãos dos produtores.
O presidente da Comissão de Endividamento da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), Carlos Sperotto enxerga ´barreiras demais´ entre as verbas anunciadas e a liberação propriamente dita.
– Eu não tenho dúvida que isso (a falta de crédito em tempo hábil) vai prejudicar a safra 2009. A não incidência de tecnologia na lavoura preconiza queda na produção – afirma Sperotto.
Werner Arns, produtor de 2.500 hectares de arroz da fronteira oeste gaúcha, ainda espera receber 50% do crédito solicitado às instituições financeiras.
– Está muito mais difícil que nos últimos anos, e isso vai comprometer as lavouras aqui no Sul – prevê o agricultor, que ainda assim pretende manter o mesmo nível de produtividade alcançado em 2008.
A cultura do arroz, batizada por Sperotto como ´cultura de segurança nacional´, movimenta um comércio mundial que pesa 25 milhões de toneladas. E uma parcela muito pequena desse volume passa pela CBOT. Enquanto mil contratos de arroz são negociados na Bolsa de Chicago, outros 116 mil de soja são fechados, segundo relatório mensal da própria CBOT.
– Esse é um dos fatores que leva a crer que os efeitos na crise no mercado de arroz deve ser menor do que para a soja e o milho. No entanto ela exige muita cautela por parte dos agentes do mercado – analisa o assessor do Instituto Riograndense de Arroz (IRGA), Tiago Barata.