Arroz mantém trajetória de alta mesmo sem a TEC

 Arroz mantém trajetória de alta mesmo sem a TEC

O preço do arroz pode subir ainda mais na indústria e nas gôndolas do supermercado, de acordo com especialistas

Preço da saca subiu 13% durante setembro e chegou a R$ 106,24 ontem, estabelecendo novo recorde real da série histórica do Esalq/Senar-RS.

A decisão de zerar o imposto de importação do arroz, anunciada pelo governo federal no dia 9 como forma de equilibrar preços e aumentar a oferta do grão no país, ainda não surtiu efeitos. A cotação continua subindo para quem vende o produto e para o consumidor. De acordo com o indicador do Esalq/Senar-RS, o saco de arroz em casca era vendido a R$ 106,24 ontem, recorde real da série histórica. No dia em que a Câmara de Comércio Exterior resolveu retirar a Tarifa Externa Comum (TEC) para as compras feitas fora do Mercosul, o saco custava R$ 104,39. Somente em setembro, a elevação é de 13%. Nos supermercados também se verifica uma alta em média de 12% neste mês, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/RS).

Para o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), Lucilio Alves, era de se esperar que não houvesse um impacto imediato nos preços a partir da isenção da TEC. “Ainda não deu tempo de os agentes efetuarem a compra externa e esse produto chegar ao mercado doméstico”, comenta.

Segundo o diretor-executivo do Sindicato da Indústria do Arroz no Estado (Sindarroz/RS), Tiago Barata, ainda neste mês começa a entrar no Brasil o arroz negociado antes da retirada da TEC e em outubro começa a chegar o produto beneficiado com a redução do imposto. Barata diz que o mercado segue pressionado por uma forte base de sustentação das cotações, ainda que elas estejam aumentando com uma intensidade menor do que os 30% ocorridos em agosto. “Acreditamos que estes preços estão muito perto do teto operacional”, avalia o diretor do sindicato.

Mesmo com a chegada do arroz estrangeiro, o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros (Federarroz/RS), Alexandre Velho, diz não acreditar na queda dos valores atuais do cereal. Ele lembra que os preços do grão nos Estados Unidos e na Índia, países de onde foram feitas compras, estão nos mesmos patamares praticados no Brasil ou até maiores, embora tenham qualidade inferior.

O dirigente entende que o único efeito da retirada da Tarifa Externa Comum foi ter pressionado alguns orizicultores que ainda tinham estoque a abastecer o mercado. Para ele, a cotação poderá cair, mas não de maneira expressiva, somente com o início da colheita da nova safra, em fevereiro de ano que vem.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter