Arroz no varejo reage e já tem preço mais alto que 2006

* Augusto Hauber Gameiro
Mariana Perozzi.

Evidências mostram que há uma transmissão relativamente rápida dos preços ao longo do sistema agroindustrial do arroz: produtor, beneficiador, atacadista e varejista. A defasagem temporal pode chegar a, no máximo, dois ou três meses. Todavia, os produtores sofrem variações proporcionalmente bem maiores que os atacadistas e esses, por sua vez, que os consumidores finais. 

Em março e abril de 2007, os preços do arroz ao consumidor já são superiores àqueles nos mesmos meses de 2006. 

Os preços dos diferentes tipos e grupos de arroz no varejo atingiram os níveis mais elevados dos últimos dois anos nos meses de dezembro de 2006 e janeiro de 2007. Depois, nos três meses seguintes de 2007, voltaram a recuar, em especial como reflexo do aumento da oferta na nova safra e a necessidade dos varejistas se desfazerem de seus estoques velhos. 

Mas, mesmo com o recuo em março e abril últimos, os preços nesses meses foram mais elevados que os preços no mesmo período de 2006. Para se observar claramente esse comportamento, ilustra-se a figura 1, com a variação percentual entre as médias dos preços em março e abril de 2006 em relação a março e abril de 2007.

Dos produtos analisados, observa-se que o arroz integral parboilizado em embalagem de um quilo foi o único que apresentou redução no período e nos dois estados. Além desse, o arroz parboilizado em saquinhos, no estado de São Paulo, também apresentou redução. 

Para os demais, os preços no varejo em março e abril de 2007 já se mostram substancialmente superiores que aqueles de março e abril de 2006. Particularmente, o arroz parboilizado em embalagem de um quilo foi aquele que apresentou maior valorização nos dois estados. 

Além dessa comparação estática entre dois períodos, é interessante, ainda, analisarmos a variação dos preços no varejo ao longo dos meses. As figuras de 2 a 4 trazem a evolução mensal dos preços de diversos produtos nos dois estados desde janeiro de 2006 até abril de 2007.

A figura 2 mostra a evolução do arroz na tradicional embalagem plástica de cinco quilos, comparando o grão polido com o parboilizado. Observa-se que os preços dos dois arrozes no RS foram bastante paralelos, com uma leve superioridade do produto parboilizado. Já em SP, a maior valorização do arroz parboilizado é evidente. Em ambas unidades da federação os preços apresentaram certa tendência de queda até outubro de 2006 e reação a partir de então. Atualmente, os preços estão, em média, ao redor de R$ 6,50 no RS e pouco abaixo de R$ 8,00 em SP. 

A figura 3 apresenta a evolução dos preços no varejo dos mesmos produtos, só que em embalagens de um quilo. 

O comportamento ao longo dos meses segue, de certa forma, tendência semelhante para a embalagem maior. O que chama a atenção é que, diferentemente da embalagem de cinco quilos, o arroz polido em um quilo apresenta-se geralmente com preços médios superiores que o parboilizado, tanto em SP – onde isso é inquestionável – quanto no RS. Atualmente, o preço médio ao consumidor de um quilo de arroz no RS está entre R$ 1,40 e R$ 1,50 e em SP situa-se entre R$ 1,70 e R$ 1,80. 

Já os preços de outros produtos, como o parboilizado em saquinhos e o integral parboilizado, ambos em embalagem de um quilo, apresentam tendências menos características. A principal explicação é que há um número bem menor de marcas à disposição e, portanto, a disponibilidade ou não de uma delas no mercado no momento dos levantamentos de preços pode interferir de forma expressiva nas médias apresentadas. 

Além disso, por serem de valor agregado significativamente maior, as empresas produtoras conseguem margens superiores e, na elaboração de suas estratégias de precificação, a questão do preço da matéria-prima arroz acaba perdendo espaço para outras variáveis. Além disso, as ofertas promovidas pelos supermercados também acabam apresentando maior influência nas médias. 

Interessante notar a estabilidade dos preços do arroz parboilizado em saquinhos no Rio Grande do Sul. Apesar dessa estabilidade também ocorrer em São Paulo, não se apresenta tão evidente. As maiores variações acabam acontecendo com o arroz integral parboilizado, que não permitem a visualização de uma tendência sazonal em função dos movimentos de safra e entressafra. 

Outra análise relevante diz respeito à comparação da evolução dos preços ao longo da cadeia do arroz, portanto dos preços aos produtores, no atacado e no varejo. 

Observa-se que há um certo paralelismo entre os preços nos três níveis, ainda que uma defasagem de dois a três meses possa ser verificada. Constata-se, também, que a variabilidade é significativamente maior nos preços aos produtores do que nos demais níveis, e é superior no atacado em relação ao varejo. Em outras palavras, os impactos nos preços vão reduzindo-se à medida que se aproxima ao final da cadeia. 

Na figura 6 são apresentadas as variações percentuais da amplitude dos preços em cada um dos níveis no período analisado (de outubro de 2005 a abril de 2007). 

Assim, os preços aos produtores chegaram a variar 60% entre o mais baixo e o mais elevado. Essa amplitude máxima foi de 41% no atacado e de 21% no varejo.

 

* Projeto Arroz Brasileiro
Sistema de Informações Agroindustriais do Arroz Brasileiro
Natural Consultoria & Comunicação
arroz@arroz.agr.br

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