Arroz, o grão universal

Lavoura pode produzir empregos, renda e novos mercados

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O Brasil celebra neste início de 2000 um de seus mais importantes produtos econômicos, a lavoura orizícola, centro de todas as atenções da XI Feira Nacional do Arroz, que acontece em abril em Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul. A celebração tem seus motivos. O arroz é o grão universal, perdendo em produção planetária somente para a cana-de-açúcar, mas com uma intimidade com o ser humano muito maior. Enquanto que a cana é cultivada em plantações que vão direto para a indústria, o arroz é praticamente todo consumido pelo mercado interno. O arroz mata a fome do mundo.

A lavoura de arroz e sua cadeia produtiva também fazem parte de um projeto estratégico de desenvolvimento da região mais pobre do Rio Grande do Sul, a chamada metade sul, onde está plantada a maior parte da lavoura orizícola brasileira. A Fiergs, a Farsul e demais entidades do setor agropecuário do Rio Grande do Sul, além da Assembléia Legislativa do Estado, já apresentaram o programa ao Governo Federal. O trabalho é composto por seis ações estratégicas para o setor agroindustrial, com o objetivo de revitalizar e modernizar as cadeias produtivas, diversificar a produção, agregar valor e gerar emprego.

O melhor aproveitamento das áreas e sistemas e da cadeia produtiva do arroz e outras culturas de várzea faz parte da proposta de desenvolvimento. O investimento para implantação dos programas é de R$ 5,3 bilhões com um aumento de renda da região mais pobre do Rio Grande do Sul, e principal produtora de arroz do país, estimado em R$ 2,2 bilhões anuais. Parte desses recursos vem do plano plurianual. "Esse plano é o resultado de um grande esforço para fomentar os agronegócios e resgatar a metade sul", explicou o vice-presidente da Farsul, João Carlos Machado.

A proposta dos gaúchos, na área de arroz, é criar um programa de exportação do produto beneficiado, além de novos projetos de irrigação e investimentos em pesquisa para desenvolver variedades de milho, soja e outros grãos altamente produtivos em várzea, favorecendo a introdução da prática de rotação de culturas.

 

Agronegócio do Arroz no RS

Área plantada – 960 mil ha
Número de produtores – 12 mil
Municípios produtores – 123
Valor da produção/arroz casca – R$ 1,4 bilhão
Número de agroindústrias beneficiadoras – 422
Empregos gerados no agronegócio do arroz – 250 mil
Valor Bruto da Produção – R$ 2,5 bilhões
Valor de ICMS gerado no RS – R$ 175 milhões
Representatividade no PIB/RS – 3,1%
Superávit comercial do arroz gaúcho – R$ 1,45 bilhão

 

Falou & disse

"O arroz do Rio Grande do Sul tem plenas condições técnicas de competitividade com qualquer outro país produtor. Nossos índices de produtividade e a qualidade do produto são semelhantes às lavouras mais desenvolvidas. Podemos ainda nos vangloriar de uma condição essencial ao cultivo do arroz, que é a abundância de recursos hídricos e um potencial de várzeas cultiváveis e estabelecidas de mais de dois milhões de hectares"
Consultor Adalberto Jardim

 

Cenário Mundial

O quadro na Ásia 

Os países asiáticos são os maiores produtores mundiais de arroz. Respondem por 92% da produção, mas, em contrapartida, o consumo também é superior, alcançando 90% do total mundial.

China – Produção de 190 milhões de toneladas(*)
Consumo de 200 milhões de toneladas 

Índia – Produção de 121 milhões de toneladas
Consumo de 118 milhões de toneladas 

América – Produção de 30 milhões de toneladas
Consumo de 27 milhões de toneladas

(*)Base casca

 

Análise

Verifica-se uma relação bastante parelha entre produção e consumo, sempre em grandes quantidades, o que faz com que, cada vez mais, o mercado asiático consolide-se em um comércio intrabloco, deixando de pressionar outros mercados com seus excedentes. Projeta-se, já para o ano de 2005, um consumo maior que a produção nestes países, o que certamente vai alterar o fluxo do mercado mundial, passando o bloco asiático a ser importador líquido de arroz.

Consumo

Em termos de consumo humano, também o destaque é dos países asiáticos. Veja o ranking por consumo/habitante/ano:

1 – Myanmar – 272 kg
2 – Vietnã – 259 kg
3 – Indonésia – 235 kg
4 – Tailândia – 220 kg
5 – Coréia do Sul – 163 kg
6 – China – 152 kg
7 – Bangladesh – 126 kg
8 – Índia – 125 kg
9 – Japão – 109 kg
10 – Brasil – 75 kg
11 – Egito – 66 kg
12 – Paquistão – 65 kg

Recado para o Brasil

Para fazer frente a esta expectativa de déficit de relação produção-consumo mundial, aponta-se o Mercosul como a potência produtiva, já que os outros países produtores ou estão sofrendo uma regressão em áreas disponíveis ao plantio ou atingiram níveis produtivos muito altos, o que não induz a ganhos de produtividade capazes de fazer frente à necessidade projetada de consumo.

 

Estoques mundiais

Há um contínuo decréscimo dos estoques mundiais

1995 – 50 – milhões de toneladas
1998 – 40 – milhões de toneladas

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