Arroz pode ser o “feijão” do IPCA este ano

A explicação está no mercado externo. Na Tailândia, mercado de referência para o arroz, o preço subiu 89,6% neste ano, devido à demanda aquecida de países importadores e as restrições impostas pelos principais exportadores do cereal – China, Paquistão, Egito, Índia e Vietnã – para conter a inflação doméstica.

Se no ano passado a alta acumulada de 144,42% no preço do feijão carioca no varejo surpreendeu, neste ano outro item começa a chamar a atenção. Nas prateleiras, o arroz subiu 2,99% de janeiro a março e 12,2% em 12 meses. Já no campo, o cereal subiu 29,5% em um ano, sendo 20,3% apenas em março, de acordo com dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. As exportações brasileiras de arroz aumentaram 46% no primeiro trimestre, para 117 mil toneladas.

– O cenário indica que o arroz tende a ser o feijão deste ano – afirma Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.

A explicação está no mercado externo. Na Tailândia, mercado de referência para o arroz, o preço subiu 89,6% neste ano, devido à demanda aquecida de países importadores e as restrições impostas pelos principais exportadores do cereal – China, Paquistão, Egito, Índia e Vietnã – para conter a inflação doméstica.

Vale observa que o Brasil tem estoque de 1 milhão de toneladas, para um consumo de 1,1 milhão de toneladas por mês e é importador líquido de arroz. Mas os produtores podem elevar as exportações rapidamente, se os preços no exterior continuarem mais atrativos que no mercado interno. “Em 2003 o preço do arroz chegou a subir 80% por problema de oferta.”

Outro “fator surpresa”, segundo Salomão Quadros, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é o trigo, também influenciado por fatores externos. Perdas nas safras da Argentina e da Austrália contribuíram para a redução dos estoques globais e países exportadores também restringem as vendas no exterior. No Brasil, a alta de 20,5% no preço da farinha de trigo em 12 meses provocou uma alta de 9,68% na cesta de panificados e de 8,82% no item massas do IPCA.

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