Arroz “velho” recupera preços e volta ao patamar de outubro/21

 Arroz “velho” recupera preços e volta ao patamar de outubro/21

Colheita avança, mas indústria está buscando arroz da safra 2020/21. (Foto: Robispierre Giuliani)

(Por Cleiton Evandro dos Santos, AgroDados/Planeta Arroz) Nem os mais otimistas produtores esperavam por esta, mas os preços do arroz em casca da safra 2020/21 encontraram uma nova espécie de “tempestade perfeita” e avançaram, em 35 dias, 17,5% no Rio Grande do Sul. Os valores desta quarta-feira, 16 de fevereiro, alcançaram R$ 72,88, enquanto as cotações médias de 10 de janeiro no Rio Grande do Sul eram de R$ 62,04. Em dólar, a valorização chegou a 30,1%, pulando de US$ 10,94 para US$ 14,21, segundo o Indicador do Arroz (agora uma parceria do Irga/RS – Esalq). Com isso, as cotações voltaram ao patamar de 15 de outubro de 2021 e mantêm trajetória de alta.

A procura e a valorização está concentrada no “arroz velho”, mas os produtores que ainda dispõem do produto, na maioria capitalizados pela boa renda das últimas duas safras e com a estimativa crescente de quebra no Rio Grande do Sul, em especial na Fronteira Oeste, buscam remuneração do arroz novo em condição de paridade. Na realidade, muitos agricultores estão conseguindo neste pico de entressafras, preços que esperavam obter apenas no segundo semestre. Mesmo com a colheita em pleno andamento, e até adiantada por conta do clima ter encurtado o ciclo de algumas cultivares, como Inta Guri CL e IRGA 431CL, os preços seguem firmes. A indústria, porém, vem precificando o “arroz novo” na faixa de R$ 65,00 e os negócios são muito fracos.

A disputa entre as indústrias gaúchas e de fora do RS, mais as tradings, é por arroz de melhor qualidade (safra antiga e acima dos 58% de inteiros) porque os primeiros resultados de grandes lavouras colhidas indicam um percentual bem mais alto de quebrados do que o normal por interferência negativa do clima na formação dos grãos. Na Zona Sul, há indústria liquidando produto acima de 60% de inteiros na faixa de R$ 80,00 para fazer negócios. Tradings não está conseguindo adquirir produto a R$ 77/78,00 na Fronteira Oeste e mesmo regiões que costumam ter cotações mais fracas, casos da Campanha e Depressão Central, tiveram uma elevação forte nas cotações pelo deslocamento da demanda.

Por outro lado, os últimos dias foram de aquisições muito pontuais, pois a indústria de um lado argumenta que não está conseguindo repassar para o fardo do arroz beneficiado os valores da matéria-prima, e por outro lado espera que o aumento da oferta nas próximas semanas e mais os vencimentos de CPR´s ajudem a ampliar a oferta e equalizar os preços. Enquanto isso, mesmo com problemas de perdas e uma disponibilidade menor, os preços altamente flexíveis do Paraguai tornam seu produto ainda mais competitivo. A operação padrão da Receita Federal e o temor de algumas indústrias do Brasil Central de ficarem com baixa capacidade de processamento, porém, está mantendo a demanda no Sul.

Outro complicador para a indústria, em especial a de exportação e as tradings, é que essa rápida ascensão das cotações enquanto o dólar desvaloriza perante o Real, reduz margens e a competitividade brasileira frente ao arroz dos Estados Unidos e do próprio Mercosul. Inicialmente, o arroz norte-americano tem subido também, acompanhando uma tendência da Ásia e a menor oferta. No entanto, não acompanha os patamares nem a velocidade da alta de preços do arroz “maturado” do Brasil.

Hoje, uma saca do grão norte-americano, em casca, no porto está cotada em torno de US$ 16,00 enquanto no Brasil chegou aos US$ 14,75. Com vantagem de US$ 40,00 a US$ 70,00 dólares por tonelada no frete, os arrozeiros dos EUA recuperam parte do fôlego para competir pelos mercados da América Central, do Sul e do México.

Preocupa o conjunto da cadeia produtiva o risco de se viver um “Vale a Pena Ver de Novo”, ou seja, que a recuperação dos preços seja inflada a ponto de os produtores segurarem as vendas a tal ponto que o Brasil perca, novamente, a oportunidade de vendas externas no primeiro semestre. E que isso impacte numa retração maior das cotações no segundo semestre.

Na Abertura Oficial da Colheita do Arroz, nesta quarta-feira, o Irga divulgou um custo médio por saca, no RS, de R$ 90,74 (numa lavoura com colheita média de 166,13 sacas na temporada 2021/22. Claro que cada produtor tem um custo diferente, mas essa é uma média referencial daquele orizicultor que computa todos os custos, incluindo arrendamento, desgaste de maquinário, etc… Já a Conab estimou expectativa otimista de preços em evolução, ao longo do ano, até R$ 86,89, com expectativa de rentabilidade praticamente nula em alguns momentos, mas média de 20%. Na relação entre Conab e Irga, porém, o melhor preço construído em cima do cenário da semana passada e o custo médio da saca em dezembro, o rizicultor terá um défict de R$ 3,85 a cada 50 quilos se não superar em produtividade os 166,13 sacos por hectare.

PREÇO AO CONSUMIDOR

Apesar da alta e a firmeza dos preços do arroz em casca ao produtor, e um avanço significativo na colheita gaúcha e catarinense, os preços ao consumidor sofreraram mínima alteração esta semana.

9 Comentários

  • Tchê a industria está desesperada atrás de arroz lá na fronteira-oeste. As CPRS vencem entre 30/03 a 30/04! Muita gente não vai colher prá pagar elas! As exportações bombaram em janeiro! Arroz paraguaio só dá prá quirera e farelo!

  • O seu Flavio fica feliz, não com a gestão e eficiente dos produtores, mas com as variáveis do mercado que os favorecem. Ainda bem que esse perfil de produtor só está para comentários mesmo, por que nas lavouras já quebraram por incompetência própria e até hoje seguem querendo achar culpados, triste isso.

  • Gostaria de saber ce o seu Paulo e produtor.

  • Sr. Aluizio, não sou produtor, sou da indústria e defendo aqui negócios justos, que ambas as partes ganhem, pois a indústria não pode ser sempre a vilã da história como uma minoria pensa.

  • Eu já imaginava q com este discurso seu só poderia ser indústrias mais e vida q cegue daqui a 3 meses vamos ver como fica o mercado abraço.

  • Alguém já ouviu falar em Paulo Marques??? Deve ser um empresário bem sucedido, famoso, bilhardário, ou é mais um zé ninguém buscando 1 minuto de fama!!! Vai pagar R$ 120 o saco esse ano prá aprender a não falar mal dos outros seu falastrão…

  • Sr. Flavio, fala dos meus comentários, mas veja o seu, me chamando de “zé ninguém” e “falastrão”, melhor, volte algumas publicações e veja o que o senhor escreveu a respeito das indústrias de Arroz, quer dizer que o senhor pode vir aqui falar o que quer das indústrias, acusar sem provas que somos um cartel, meter o pau em todo mundo, fazer comentários ameaçadores e ainda exigir algum tipo de respeito???? Vai ter que provar suas acusações de formação de cartel, cita nome das tais indústrias que o senhor chama de cartel. Eu defendo uma ideia e o senhor defende outra, simples assim. Tenha um bom dia!!!

  • Seu Paulo não adianta ficar bravo cada um tem sua opinião o senhor falou má gestão dos lavoureiros o seu Flávio falou que acha das indústrias não gostou não opina.abraço

  • Sr. Aluizio, faço de suas palavras as minhas, se ele não gosta de ler os meus comentários, que não opine é muito simples. Abraço.

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