Arrozeiros poderão reencontrar o passado nesta safra

 Arrozeiros poderão reencontrar o passado nesta safra

Schardong: 2021 fará justiça a quem vendeu a safra antes e não aproveitou os preços de 2020

Com safra rentável, presidente da Comissão do Arroz da Farsul, Francisco Schardong, defende negociação das dívidas arrozeiras.

A expectativa de que o Rio Grande do Sul volte a bater um recorde de produtividade num cenário completamente favorável, que reunirá pela primeira vez em décadas preços realmente remuneradores e boa produção, é motivo de comemoração para os arrozeiros. “O setor cortou na carne, foi um dos mais injustiçados dos últimos tempos no agronegócio brasileiro, mas hoje podemos dizer que a situação é boa para quase todos os segmentos de produção tanto em termos de preços quanto de volume de safra”, reconhece o presidente da Comissão do Arroz da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul, Francisco Lineu Schardong.

Segundo ele, muita gente acredita que o ano de 2020 foi muito bom para o arroz por causa da elevação dos preços que partiu de menos de R$ 50,00 para mais de R$ 100,00. “Mas, o ano bom de verdade é 2021, a partir desta colheita, pois no ano passado quando o arroz pegou a valer bem, a maioria dos arrozeiros já tinha vendido toda ou quase toda a produção. Agora sim, entramos com safra cheia e com preços que efetivamente cobrem os custos de produção, apesar de estes terem aumentado muito também”, observa o dirigente.

Para Schardong, mesmo que este seja um momento mais duradouro e que haja indicativos de que os preços arrozeiros e agropecuários continuem remuneradores, o momento é de o arrozeiro ter muito critério para tomar decisões sobre o que fazer com essa renda. “Precisamos ter os pés no chão. É preciso elencar os investimentos prioritários para se manter em patamar de rentabilidade, e isso inclui reencontrar-se com o passado, com o passivo que o setor construiu nos últimos anos, renegociar com os bancos, aliviar as dívidas e buscar reinserção no crédito, deixar de depender de financiamentos privados a juros altos e buscar recursos dos meios oficiais, que são mais em conta”, apontou.

O dirigente ainda comemorou o fato de poder falar sobre boas notícias para a cadeia produtiva. “Geralmente a Farsul é demandada para resolver grandes conflitos e intermediar ou representar o setor em negociações difíceis em busca de soluções setoriais. Agora, finalmente, podemos falar sobre um bom momento da cultura e dos produtores”, enfatizou.Para Schardong, cada produtor tem uma realidade diferente e deve estudar como buscará a recuperação de seu crédito de acordo com essa realidade. “Mas, é importante, antes de achar que os preços vão se manter assim para o resto da vida, lembrar dos anos de sacrifício e evitar a compra de equipamentos que gerem mais endividamento. É preciso buscar um alívio, e não mais problemas. A conta não pode crescer, tem que se manter administrável”, ensina.

Ainda segundo o dirigente, não será apenas uma safra rentável que irá apagar um histórico de prejuízos para muitos produtores. “Mas, permitirá rever e reduzir o peso do passado nos custos de produção e no comprometimento da renda e do acesso às melhores condições de financiar e comercializar a safra”.

2 Comentários

  • Perfeita a análise do momento, muito lúcida a ponderação do dirigente da Farsul.

    E hora de colocar as contas em dia e não se entusiasmar com investimentos. Formar capital de giro e fugir de bancos e financiamentos das indústrias.

    Produtor capitalizado é produtor dono do seu arroz e da sua vida, não é escravo da indústria e do varejo.

  • Um discurso que mostra em parte a problemática da lavoura arrozeira, que é muito mais complexa do que isso que foi dito: falou no custo do arrendamento? Do prazo do arrendamento, que impede a diversificação de culturas? Da falta de uma efetiva integração com o engenho ou uma independência deste? Do atraso do processamento agroindustrial do arroz com a visão ainda muito voltada para a panela? Interessante que os preços no supermercado apontam que com 15 a 18,00/5 kg no supermercado dava para pagar mais pelo arroz em casca. Enfim, se fala isso desde 1994 ‘ As reais dificuldades da lavoura arrozeira’ oh. 29 do livro Sobre arroz em casca e milho em espigas’ do autor!

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