Ataque aéreo sobre a orizicultura paulista

 Ataque aéreo sobre a orizicultura paulista

Ataques preocupam produtores e técnicos

Presença da cigarrinha-do-arroz no Estado deixa produtores atentos, diz SAA.

Fêmea da cigarrinha apresenta duas formas, uma alada e outra áptera (sem asas). A alada pode voar até mil quilômetros e colocar até 150 ovos, enquanto a áptera fica no local e pode ultrapassar 400 ovos”.

“As cigarrinhas não gostam de tempo seco porque ovipositam e se estabelecem rentes à água”, conta Rodolfo Kodel, presidente da Cooperativa de Produtores de Arroz do Vale do Paraíba (Copavalpa), que explica que o maior problema é não existir até o momento um controle efetivo, pois o que mataria a cigarrinha mata também os inimigos naturais. “Temos contado com o auxílio do pesquisador Minoru Takada &9472; assim como a dedicação essencial do extensionista Vinícius Sampaio do Nascimento”, afirma Kodel.

A cigarrinha está nas lavouras de Santa Catarina, Paraná, norte do Rio Grande do Sul e Tocantins. “Aqueles que plantaram mais tarde, em fevereiro, se livraram do problema; eu mesmo perdi apenas entre 2% a 3%, já no final da produção; mas alguns produtores perderam 30% na média total, sendo que em algumas áreas a perda ficou entre 70% a 100%. Nas lavouras maiores, o plantio é feito de forma escalonada e aí, conforme o período, se de seca ou de chuva, há maiores ou menores perdas, chegando a ser total em algumas áreas”, explica Kodel, que está instalado na região há muitos anos e tem vários parentes que também atuam em rizicultura.

Vinícius Nascimento, da Cdrs, tem acompanhado os rizicultores já há vários anos, e conta que a chave foi elaborar um novo Manejo Integrado de Pragas (MIP), para evitar a entrada e proliferação da cigarrinha na área. “Junto com os produtores e usando as experiências de rizicultores de Santa Catarina, alteramos todo o manejo (MIP) e o tratamento de sementes, abolimos o uso de piretroides, inserimos o controle biológico ao usar o fungo Metarhizium, criamos um plano de monitoramento da praga, adotamos o cultivo mínimo, fizemos o controle de invasoras e plantas hospedeiras, alteramos a data de plantio e assim mitigamos os riscos de maiores perdas econômicas”, explica Vinicius. Porém, segundo o extensionista, “ainda estamos longe de ter erradicado o problema, vamos ter que conviver com a cigarrinha e reduzir perdas”. Os novos plantios já foram iniciados em agosto/setembro para a próxima safra.

Osmar Felipe Junior, que está na direção técnica da CDRS Regional Guaratinguetá, explica que como a rizicultura no Vale não depende de chuvas, por serem áreas irrigadas por inundação, são realizados dois plantios no ano, geralmente em janeiro/fevereiro, com colheita em maio e junho, e plantio em julho/agosto, com colheita em dezembro/janeiro. “Portanto, nessa segunda safra, com plantio em épocas mais secas, já não tem sido notada tanta incidência da praga. De qualquer forma, não foi essa questão regionalizada que afetou nos últimos tempos a alta nos preços do arroz. O prejuízo ficou realmente por conta desses agricultores locais. São Paulo ainda importa bastante arroz do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, já que o consumo é bem maior do que a oferta paulista”, afirma Felipe.

Rodolfo Kodel lembra que os recursos do Projeto Microbacias II, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, na região permitiram grandes avanços, como a construção de silos e a obtenção da sede da Cooperativa (em terreno cedido em comodato pela Prefeitura Municipal de Guaratinguetá), que foi mobiliada e equipada com toda a infraestrutura necessária.

Também foi feita, com a intermediação da Cdrs Regional Guaratinguetá, pelo Projeto Microbacias II, a aquisição de um laboratório móvel para a classificação do arroz nas propriedades, o que resultou em ganhos para o produtor. “Porém veio a praga e, infelizmente, muitos perderam. O apoio e orientação da pesquisa e da extensão rural têm sido fundamentais para nos auxiliar e minimizar os danos”, afirma Kodel, dizendo que, no momento, contam também com a experiência dos produtores de Santa Catarina e o plantio de variedade tolerantes, como a BRS Catiana, desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A região também conta com o plantio de arrozes especiais, como o vermelho, o preto, o arbóreo, entre outras variedades, as quais foram desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC), e que, até o momento, não sofreram o ataque das cigarrinhas.

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