Até São Pedro castigando os arrozeiros gaúchos

Autoria: Ademar Kochenborger – arrozeiro e presidente da União Central de Rizicultores (UCR.

Os últimos anos no Rio Grande do Sul têm sido marcados por um aumento das chuvas na primavera-verão. Isso vem tornando comum a dificuldade para realizar os preparos das lavouras, máquinas atolando, atrasos na semeadura e o difícil controle das daninhas. Somado a isso o arroz ainda vem atolado numa onde de baixos preços no mercado, e consequentemente a descapitalização do produtor.

Nesses últimos meses não tem sido diferente, configurando-se um padrão de janelas muito curtas de trabalho. Poucos dias sem chuva, quando se consegue entrar nas áreas já chove de novo.

Muito poucas áreas semeadas (fala-se em apenas 5% contra 9% no ano passado e 34% em 2016), a melhor época para altas produtividades está passando. Há casos Ainda piores onde não se conseguiu ainda nem dessecar, nem fazer as taipa e reformar de canais.

Além de diminuída a área em extensão, está traçando-se um caminho de produtividades mais baixas devido ao emergente atraso na semeadura. Mesmo que melhore o tempo agora e de uma janela maior de trabalho haverá atrasos, pois as áreas não estão prontas para plantar, precisam dos preparos.

Áreas da depressão central, cultivadas no sistema convencional com arroz sobre arroz, até poucos dias estavam alagadas com enchente do Rio Jacuí e seus afluentes, por isso estão a recém sendo discadas e com a semeadura ainda distante.

A situação dos produtores para a próxima safra é caótica, construindo-se um cenário onde se comprou os insumos com o dólar alto, e se venderá com o dólar em baixa, conforme tendência indicada. Isso acarreta menos condições de competitividade no mercado mundial.

Além disso, a lavoura terá um custo mais alto devido ao excesso hídrico onde se precisam contratar aviões para dessecar, grama boiadeira e outras ervas daninhas difíceis de controlar exigindo altas doses de diferentes mecanismos de ação. E também contanto com uma produtividade comprometida.

Diante desse cenário todos os produtores vão se preparando pra a próxima safra, na esperança de uma reação do mercado interno levando a uma subida nos preços, estacionados nos últimos dias na casa dos 45 reais ou até menos. Quando já deveria estar mais de 50 reais, pois para sobreviver ano que vem teremos que vender arroz a 60 reais.

Portanto já é hora de começarmos a nós planejar, pensarmos na exportação de 10-20% da produção e se preparar para enfrentar essa situação TE MEXE ARROZEIRO.

Um texto da UCR, a mais antiga associação de amparo e união dos amigos arrozeiros.

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