Balança, mas não cai
Déficit na balança comercial do arroz brasileiro aumenta,
mas pode ter mudanças
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Entre março e outubro, o Brasil acumula 95,5 mil toneladas de déficit na sua balança comercial do arroz. Mantida a tendência, o volume pode chegar a fevereiro de 2017 próximo das 200 mil toneladas de déficit que estão sendo projetadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo os números divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), em novembro, de março a outubro, os oito primeiros meses do ano comercial, o Brasil exportou 677.071 toneladas de arroz base casca para quase 60 países. Em contrapartida, importou 772.662 toneladas, mais de 95% do Mercosul.
No ano civil (janeiro a outubro) os números são 844,5 mil toneladas de importação e 843,7 mil exportadas, ou seja, somente em outubro o superávit comercial passou a ser um déficit de 800 toneladas. A queda das cotações internacionais e a valorização do dólar após a vitória eleitoral de Donald Trump podem interferir nestas relações a partir de agora, reduzindo a diferença de preços entre o arroz do Mercosul, muito competitivo, e os grãos brasileiros. As exportações brasileiras estão 15% abaixo dos embarques do ano passado, quando beiravam 985 mil toneladas. Em compensação, as importações dobraram de tamanho desde o ano passado, quando estava em apenas 422 mil toneladas.
O Paraguai se mantém como grande fornecedor do cereal para o Brasil, com 56% das importações brasileiras, seguido pelo Uruguai, com 26%, Argentina, com 15%, e outros países, com os 3% faltantes. Preços, relação de câmbio e disponibilidade de excedentes, mesmo com o recuo das safras e apesar do alto estoque de passagem na temporada passada concentrados nestes países, fazem a diferença. A expectativa da Conab é de que o Brasil alcance em fevereiro um déficit de 200 mil toneladas. Ao menos se o mercado se mantiver dentro do visto até agora.
FIQUE DE OLHO
Os grandes clientes do Brasil têm sido os mercados compradores de quebrados de arroz e parboilizado da Àfrica, América Central e América do Sul. Senegal, com 202 Mt (mil toneladas), Nicarágua, com 104 Mt, Venezuela, com 75 Mt, Peru, com 74,5 Mt, e Suíça, com 58,3 Mt, lideram a lista de clientes entre 60 países que compram arroz do Brasil. A expectativa para o próximo ano, segundo a Conab, é de equilíbrio na balança comercial.
PERFIL
O Brasil tem exportado principalmente arroz quebrado no segundo semestre do ano, na medida em que houve valorização do real sobre o dólar. Mercados da África e América Central e do Sul são os clientes. Em contrapartida, o Brasil é grande importador de arroz beneficiado dos países do Mercosul, especialmente o Paraguai – que remete arroz para São Paulo, Paraná e Goiás, enquanto Argentina e Uruguai enviam para o Nordeste. Além dos preços mais competitivos do que o arroz gaúcho e catarinense – e a mesma qualidade -, as tecnologias, e até muitos produtores destes países, são gaúchas. A diferença de preços do arroz paraguaio colocado em Goiás sobre o arroz gaúcho chegou a ser de 18% em determinado período do ano. Em meados de novembro andou em 7%.
Agora os gaúchos fazem cálculos e esperam que uma reação do dólar, baseada na eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, e um conjunto de investimentos no terminal da Cesa no Porto de Rio Grande, que vai duplicar a capacidade de carga e descarga, façam a diferença para 2017.