Bem longe de comum

 Bem longe de comum

Países vizinhos produzirão
175 mil toneladas de arroz
a menos na temporada.

A redução de 4%, ou 20,5 mil hectares, em áreas cultivadas e os efeitos climáticos que afetaram a produção de arroz na Argentina, no Paraguai e no Uruguai vão determinar um recuo de quase 175 mil toneladas ofertadas neste ano comercial 2018/19 no Mercosul (4,8%). O volume desconsidera o Brasil, onde há um recuo produtivo em torno de 950 mil toneladas, o que praticamente equivale à produção paraguaia. Parte das áreas foi deixada em pousio, destinada à pecuária ou rotação com soja.

O trio de países vizinhos produzirá 3,43 milhões de toneladas em base casca e deverá dispor de 2,5 milhões para exportar, levando em conta a colheita e estoques de passagem. O Brasil deve absorver em torno de 1 milhão de toneladas, o que força as cadeias arrozeiras a buscarem a manutenção de mercados internacionais e conquistarem novos clientes. A redução produtiva – e elevação dos preços – dos Estados Unidos em 2017 dá competitividade em alguns mercados, no entanto, o Brasil, beneficiado pelo câmbio e pelos baixos preços internos, tem avançado como fornecedor dos destinos latino-americanos.

A Argentina chegou no dia 15 de abril colhendo 48% de sua safra, no processo mais atrasado da década. Registra redução de 6,5% em área, de 206,5 mil para 193 mil hectares. O Uruguai diminuiu em 5,8% a superfície semeada, de 164 mil para 154,5 mil. Afora isso, os altos custos de produção e o clima adverso na época de plantio trouxeram redução na produtividade média. Em comum com o Brasil, a redução de área nestes países está associada aos altos custos de produção, em especial de energia elétrica e combustíveis, e à baixa remuneração do grão na temporada 2017/18.

PARAGUAI
O Paraguai teve menos problemas nesta temporada e manteve o avanço em área, produção e produtividade. Segue rumo diverso dos demais países do Mercosul, embora a nítida “Brasildependência”, para onde exporta mais de 600 mil das 700 mil toneladas de disponibilidade. A orizicultura paraguaia ampliou a lavoura em 3 mil hectares, ou 2,1%, para 147 mil hectares, segundo números do governo. O clima ajudou na evolução de 2% em produtividade com ajustes de manejo e clima mais favorável, passando de 6,050 para 6,2 mil quilos por hectare, e a colheita deve chegar a 911 mil toneladas. Porém, o país guarani sente a falta de material genético adaptado às suas características.

No Paraguai está instalada a mais moderna indústria do continente, algumas unidades construídas com participação de capital brasileiro, e há muito espaço para ampliar o cultivo, o que atrai produtores brasileiros e uruguaios. No entanto, o desembolso vem aumentando juntamente com o endividamento do setor. Forçadas a pagar pelos investimentos em prazos fixos – alguns deles em dólar – indústrias, e também produtores, acabam forçadas a vender parte do volume colhido/adquirido até abaixo do custo. Nota-se no país guarani, também, a concentração produtiva entre empresas e grandes empreendedores e a queda no número de produtores individuais de pequeno porte.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter