Boletim da Epagri analisa safra e mercados em SC

Lançado em maio, o boletim avalia o desempenho de produção, produtividade, balança comercial e preços ao produtor.

O Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (CEPA) da Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, divulgou na semana que passou o Boletim Agropecuário de maio, com a análise do mercado, da safra e da balança comercial do arroz no Estado realizada pela economista Gláucia Padrão. O boletim confirma a evolução dos preços catarinenses, com destaque para o Sul do segundo maior estado produtor de arroz no Brasil, traz novas informações sobre a evolução da colheita e os números de safra e, ainda, apresenta a surpresa do crescimento das importações, em abril, pelas empresas de Santa Catarina.

PREÇOS AO PRODUTOR

Segundo Gláucia Padrão, ao contrário do que era esperado para este período do ano, com a colheita em estágio final, os preços ao produtor apresentaram alta significativa em abril. Comparativamente ao mês de março, em abril o preço médio em Santa Catarina aumentou 5,79% e quase 10% no Rio Grande do Sul.

Na primeira quinzena de maio é observado o mesmo cenário, com alta de aproximadamente 4% nos preços ao produtor em Santa Catarina e 7% no Rio Grande do Sul. Em razão dessa perda de referência e alta dos preços, é possível observar valores que oscilam entre R$47,00 e R$58,00 a saca de 50 kg no estado, a depender da região e da demanda das indústrias.

Cabe salientar dois aspectos.

O primeiro se refere ao aquecimento da demanda pelas indústrias, visando repor os estoques para atender ao excesso de da demanda pelos consumidores por receio de desabastecimento devido à pandemia da COVID-19, o que tem segurado a alta dos preços.Esse aumento expressivo dos preços levou muitos produtores a comercializarem imediatamente suas produções.

No entanto, alguns ainda aguardam cotações mais elevadas. A permanência desses preços depende de alguns fatores, em especial o comportamento da demanda, que já dá sinais de desaquecimento no varejo.

O segundo aspecto relevante se refere aos entraves logísticos em decorrência da pandemia. A ausência de fretes de retorno, principalmente do Sudeste, e dificuldades no suporte aos caminhoneiros, tornaram o frete mais caro, já sendo observados repasses aos mercados varejistas.

MERCADO EXTERNO

O destaque no mercado externo são as importações realizadas pelo estado de janeiro à abril de 2020. Santa Catarina já importou cerca de três vezes o volume do mesmo período do ano passado e 55% do total importado em todo o ano de 2019. As principais origens foram Uruguai, Paraguai e Itália, que são parceiros tradicionais do estado. Uma das explicações para essa quantidade importada são os elevados preços ao produtor no mercado interno. Por outro lado, o estado exportou entre janeiro e abril de 2020 cerca de 2,3% a mais que o volume total exportado em 2019. Os principais destinos foram África do Sul, Senegal e Namíbia.

COMPARATIVO DE SAFRA

A colheita da safra 2019/20 de arroz irrigado em Santa Catarina foi encerrada. Embora a semeadura tenha atrasado em relação à safra anterior, principalmente entre a primeira quinzena de setembro e outubro, em razão da estiagem que atingiu o estado entre os meses de agosto e outubro, a safra transcorreu normalmente. A estimativa atual da safra 2019/20 aponta para uma leve redução na área plantada, que deverá ser de 143,05 mil hectares.

A baixa produtividade obtida na safra 2018/19, em razão do excesso de calor ocorrido no período de floração, deverá ser superada na safra 2019/20, fechando em 8.054kg/ha, cerca de 4,6% maior. Cabe destacar o bom desempenho da safra no sul do estado, que confirmou produtividades bem acima das observadas no ano safra anterior.

No Alto Vale do Itajaí, também se confirmaram rendimentos superiores aos do ano anterior na microrregião de Rio do Sul.

No Litoral Norte e Baixo Vale do Itajaí,observou-se que a safra principal se desenvolveu bem, mas a colheita da soca teve rendimentos baixos, principalmente pela ocorrência de cigarrinha ‘sogata’, que ocasionou prejuízos em muitas lavouras.

Contudo, ao final da safra apenas as microrregiões de Ituporanga e Bumenau tiveram produtividades menores em relação à safra passada.

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