Bons ventos

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Mercado reage no final do ano e preços do arroz alcançam as melhores cotações de 2014.

O mercado brasileiro entra no trimestre final do seu ano comercial com cotações mais elevadas e perspectiva de uma nova temporada de valores em equilíbrio. Em 2014, se não houve toda a valorização desejada pelos agricultores, a estabilidade reinou na cadeia produtiva sem as oscilações do ano anterior.

Na primeira quinzena de novembro, quando foi confirmado o atraso no plantio de quase um terço da área a ser cultivada no Rio Grande do Sul, retardamento da semeadura também no Uruguai e queda de área nos países platinos, além da valorização do dólar e novos clientes no Oriente Médio, as cotações no mercado gaúcho bateram o recorde do ano. O indicador de preços do arroz em casca (50kg/58×10) do centro de estudos avançados em economia aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq) e Bolsa Brasileira de Mercadorias – BM&FBovespa – atingiu o mais alto valor nominal desde o dia 6 de dezembro de 2012: R$ 37,19 por saca.

Tiago Sarmento Barata, diretor da Agrotendências Consultoria em Agronegócios, destaca que ademais da valorização no ambiente doméstico, o arroz brasileiro também apresenta a sua melhor condição competitiva no mercado externo graças à posição cambial. Até 16 de novembro, a cotação do arroz em casca apresentou a média parcial de US$ 14,51/sc, a mais baixa desde agosto de 2012.

Para Barata, até a entrada da próxima safra há espaço para a continuidade deste movimento de alta no comércio nacional, mas em margem limitada pela dificuldade enfrentada pelas indústrias de beneficiamento na negociação do fardo com as redes varejistas. “O atraso no plantio da safra gaúcha exerce pressão nos preços. Além do provável prejuízo nos índices de produtividade, a safra entrará mais tarde no mercado. Em contrapartida, a lavoura paraguaia antecipou a semeadura e já se encaminha para a fase final de desenvolvimento. Os primeiros cortes devem ocorrer antes do Natal”, analisa o consultor.

QUESTÃO BÁSICA
O presidente da Federarroz, Henrique Dornelles, considera que a valorização do arroz no final do ano comercial se dá em um cenário no qual a entressafra será mais longa e há baixos estoques disponíveis no Brasil, além da tendência de menores safras no Sul, no Uruguai e na Argentina. “Porém, devemos lembrar que poucos produtores ainda têm arroz estocado e que o aumento veio tarde para a maioria”, enfatiza. Para ele é importante que o produtor invista em planejamento e gestão e utilize as alternativas que puder, como soja e pecuária, para comercializar da melhor maneira possível, e pelo melhor preço, o seu arroz.

Conforme o planejado

Mesmo com a oferta regular de arroz dos estoques públicos, que costumam interferir negativamente nos preços, os preços no mercado gaúcho na reta final do ano comercial se elevaram. A oferta de arroz do estoque público tende a continuar ocorrendo. Os resultados obtidos nos leilões realizados até novembro têm mostrado que há interesse de compra e que, até o momento, o mercado vem reagindo bem à intervenção. Mais dois leilões de 40 mil toneladas podem ser esperados até o final do ano. Em janeiro pode ocorrer mais um.

Desde o início do ano comercial, foram negociadas 137,6 mil toneladas em quatro leilões. Assim, a posição do estoque governamental passa a ser de 406,6 mil toneladas; um volume extremamente baixo, que incapacita o governo a regular a oferta em caso de dificuldade de abastecimento no futuro. O fluxo paulatino de oferta oficial e as regras desta liberação foram acordados com a cadeia produtiva.

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