Bons ventos
Fundamentos de mercado
indicam preços mais
fortalecidos em 2020/21.
O cenário de oferta e demanda de arroz no Brasil sinaliza para a menor disponibilidade interna observada desde 1984/85, de 12,1 milhão de toneladas, podendo também chegar a um dos mais baixos estoques de passagens, de 437,8 mil toneladas em fevereiro/21. Quanto ao consumo interno, segue em queda no Brasil, fator que, a médio prazo, deve pressionar as cotações, caso haja manutenção de oferta e pouca demanda do mercado externo. A conclusão é dos pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que mantém o indicador de preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul Esalq/Senar-RS, comandados pelo doutor em Economia Lucilio Rogério Aparecido Alves.
Dados da equipe de Custos Agrícolas do Cepea, em relatório divulgado em setembro/19, mostram que, nos últimos 10 anos-safras, o patrimônio investido na produção em arroz no Rio Grande do Sul não foi remunerado. Assim, para a temporada 2019/20 é esperada a menor área semeada desde o primeiro registro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 1,67 milhão de hectares. Ainda assim, a produção brasileira pode ser de 10,52 milhões de toneladas de arroz em casca, 0,6% maior que a da temporada anterior, devido à alta de 1,8% na produtividade média, estimada em 6,27 tonelada/ha.
No Rio Grande do Sul, a colheita 2019/20 está estimada em 7,39 milhões de toneladas de arroz em casca, queda de 0,1% frente à safra anterior, com retração de 5% na área semeada, mas ganho de 5,2% na produtividade. Em Tocantins, a produção poderá cair 1,25%, para 616,1 mil toneladas, reflexo da menor produtividade (-2,2%), mesmo com área 1% maior. Em Mato Grosso, a produção está prevista em 492,5 mil toneladas, alta de 27%, com aumentos na área (+25%) e na produtividade (+1,6%), segundo a Conab.
Em Santa Catarina, a Epagri/Cepa apontou em seu último relatório ligeira redução de 0,28% na área de semeio na safra 2019/20, que pode alcançar 143,4 mil hectares. No entanto, deve haver ganhos na produtividade (+4,4%) e na produção (+4,1%), para 8 t/ha e 1,15 milhão de toneladas, respectivamente. Vale lembrar que na temporada 2018/19 as lavouras do estado foram castigadas com o excesso de calor no período de floração.
Entre março/20 e fevereiro/21, a Conab estima que as importações de arroz fiquem em 1,1 milhão de toneladas. Assim, somando o estoque inicial, a produção e a exportação, a disponibilidade interna deve ficar 1,54 milhão de toneladas maior que o consumo interno, que deve ser o menor desde 1987/88. Isso possibilitará exportações, estimadas inicialmente em 1,1 milhão de toneladas.
Gráfico: o Indicador de Preços do Arroz em Casca no Rio Grande do Sul, Esalq/Senar-RS mostra, em dois anos, uma ascensão das cotações do grão entre fevereiro de 2018 e janeiro de 2019. O indicador bateu seu menor ponto em março de 2018, com R$ R$ 35,06 de média em plena colheita, evoluiu até R$ 45,53 em setembro de 2018, voltou a cair até R$ 39,31 em março de 2019, novamente pela pressão de oferta da colheita, e desde então subiu até R$ 49,21 em 20 de janeiro de 2020. No dia 27 já marcava R$ 50,40.