Brasil pode exportar arroz sem correr risco

O Brasil não suporta mais crescimento de produção e importações compulsórias dos países do Mercosul e precisa buscar canais de escoamento no exterior para se firmar como exportador de produto de qualidade, sem pressionar negativamente os preços internos e descapitalizar o setor produtivo.

O governo federal decidiu fazer leilões de arroz dos estoques públicos para tentar conter a alta dos preços no atacado e no varejo e para evitar movimentos especulativos até a entrada da nova safra. No primeiro leilão, marcado para segunda-feira, serão ofertadas 55 mil toneladas, ao preço de abertura de R$ 28 por saco de 50 Kg, inferior à média atual praticada no mercado interno, de R$ 34,50.

O produto a ser leiloado é da safra 2004/2005. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, confirmou que o governo decidiu suspender as exportações de cerca de 500 mil toneladas de arroz dos estoques públicos, mas ressaltou, diante da uma reação negativa (e correta) dos produtores de que as vendas da iniciativa privada continuam liberadas. O ministro, porém, não descartou a possibilidade de adotar medidas para restringir as vendas externas do cereal em “casos extremos” .

Reinhold Stephanes calculou que “em teoria o País teria condições de exportar até 1,5 milhão de toneladas de arroz por ano, mas as vendas anuais têm somado 800 mil toneladas”, mostrando estar desinformado, já que não foram registradas exportações de arroz acima de 500 mil toneladas há décadas.

Segundo ele, “a preocupação é que não passemos deste limite” (800 mil toneladas). Ele lembrou que os estoques públicos de cerca de cerca de 1,4 milhão de toneladas e o produto que está em poder da iniciativa privada, 1,8 milhão de toneladas (não existe levantamento que comprove esse volume), são suficientes para garantir o abastecimento interno, “estimado em 13 milhões de toneladas”.

Stephanes não esteve na reunião, em Brasília, entre representantes da cadeia produtiva do arroz com técnicos da Secretaria de Política Agrícola do ministério, mas disse que o governo “tem pedido aos produtores para que não vendam seus estoques para o mercado externo” (isso é, no mínimo, uma piada de mau gosto).

Segundo ele, “o grande mercado dos produtores de arroz é o Brasil. O governo reforçou essa tendência que eles já têm”. Não mesmo!!! O Brasil não suporta mais crescimento de produção e importações compulsórias dos países do Mercosul e precisa buscar canais de escoamento no exterior para se firmar como exportador de produto de qualidade, sem pressionar negativamente os preços internos e descapitalizar o setor produtivo.

Na verdade, nesta safra 2007/2008, o Brasil tem uma capacidade de exportar 1 milhão de toneladas de arroz (base casca) sem correr nenhum risco de desabastecimento ou escassez.

O que resta desse episódio é um festival de desinformação na mídia, ameaças descabidas, desconhecimento dos números reais do setor (como já virou praxe no governo), confusão no mercado e o risco, esse sim, de o país perder uma oportunidade rara de se inserir no mercado externo de arroz, como exportador, e não como importador. Basta ver o que está acontecendo no mercado de trigo.

A propósito a Argentina já tem um novo ministro de Economia: Carlos Fernández, homem de confiança do casal Kirchner, que substituirá Martín Lousteau. Os boatos sobre a queda de Lousteau vinham crescendo, desde que as negociações com o setor agropecuário tiveram início sem a sua presença.

A saída de Lousteau depois de apresentar uma proposta para enfrentar a inflação e a escolha de Carlos Fernández mostram que quem manda no governo é Néstor, que quer tentar derrubar a inflação mediante pressões, controles de preços e no grito, segundo analisou a ex-candidata a presidência, Elisa Carrió, da Coalición Cívica, que reúne os partidos de oposição.

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