Brasileiros plantam arroz no Uruguai para vender no Brasil

Associação de Cultivadores de Arroz do Uruguai (ACA) estima que um terço dos arrozeiros do país são gaúchos.

É consenso entre os arrozeiros do Norte do Uruguai que o cultivo do grão foi ali introduzido pelos brasileiros a partir dos anos 50 do século passado. As terras parecidas, a necessidade que o Brasil tinha de aumentar a produção e algumas oportunidades de negócios atraíram investidores do interior do Rio Grande do Sul. Hoje, eles estão totalmente integrados à comunidade local, embora mantenham casas em Jaguarão, Camaquã e Santana do Livramento e mandem os filhos estudar em Pelotas e Porto Alegre.

Um dos pioneiros é Arthêmio Schrank, 68 anos, filho de arrozeiro de Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre. Em 1963, ao ver reduzida a oferta de terras em Barra do Ribeiro, onde vivia, procurou campos no Uruguai. Começou a produzir em 1965 e hoje planta mil hectares em campos próprios e mais 1,2 mil em áreas arrendadas. “Quando cheguei, os brasileiros eram raros.”

Hoje, os brasileiros são maioria entre os arrozeiros dos departamentos de Cerro Largo e Treinta y Tres. E preferem evitar polêmicas com os colegas gaúchos, deixando a briga política para Hugo Manini Ríos, um dos poucos remanescentes uruguaios na região de Rincón Ramirez, e presidente da Associação dos Cultivadores de Arroz do Uruguai.

Schrank até elogia as manifestações dos brasileiros. “Ninguém pode plantar por R$ 28 e vender a R$ 19”, afirma, convicto de que uma alta de preços no Brasil favorecerá quem cultiva arroz no Uruguai. A proibição às importações pedida pelos brasileiros não passará, acredita Schrank.

– O Uruguai só tem arroz e carne para vender – ressalta, convicto de que os parceiros do Mercosul, que enviam manufaturados para o país, estão na obrigação de receber seus produtos primários. “Essa rota é muito mais de entrada do Brasil para o Uruguai do que de saída do Uruguai para o Brasil”, diz o uruguaio Javier Castiglione, plantador de 400 hectares.

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