Cadeia produtiva do arroz define ações para fortalecimento do setor

O secretário explica que, antes de tomar alguma medida, o setor quer conversar com os países vizinhos para buscar um entendimento.

Reunida na Secretaria da Agricultura e Abastecimento (SAA), a cadeia produtiva do arroz definiu três ações principais para o fortalecimento do setor: realizar um amplo levantamento da capacidade de armazenagem no Estado, abrir mercado para a exportação do produto e retomar o diálogo com os países do Mercosul. Conforme o secretário da Agricultura, João Carlos Machado, as medidas têm o objetivo de melhorar o preço do arroz e criar alternativas econômicas aos produtores.

– Das safras dos últimos oito anos, quatro geraram prejuízos aos produtores, com preços deficitários, abaixo dos custos de produção – lembra.

– Agora, o setor está unido para definir em R$ 22,00 o preço-base da saca de 50 Kg, com a meta de chegarmos a R$ 26,00, que é o custo de produção – acrescenta Machado.

O deputado federal Luis Carlos Heinze (PP) disse que, em São Paulo, entre novembro e dezembro de 2006, a saca do produto foi comercializada a R$ 35,00. O parlamentar alertou que o estoque de passagem da última safra é suficiente apenas para 45 dias. Presente no encontro, o gerente-executivo da Agas, Francisco Schimidt, falou que uma retenção de 15 dias na venda do produto acarretaria reflexos sensíveis ao preço pago ao produtor. O secretário então sugeriu uma ampla análise da capacidade de armazenagem do Estado, junto à Cesa, à indústria e até mesmo entre pessoas físicas.

– A idéia é ajudar os produtores a aguardarem um preço melhor, ampliando os locais de depósito do produto – explica.

O superintendente estadual da Conab, Carlos Farias, informou que a armazenagem do produto conta com cerca de 2,5 milhões de toneladas de capacidade estática e que, aproximadamente, a metade fica ociosa. Segundo ele, existe uma capacidade em torno de 1,5 milhão de toneladas em armazéns particulares aptos, sem contrato com a Conab.

O deputado Heinze salientou a dispersão destes armazéns e os custos de frete suscitados por esta situação. O diretor da Federarroz, Valter Pötter, sugeriu que o governo indenize os produtores pelo custo com o frete. O pedido será encaminhado por Heinze ao governo federal.

A cadeia produtiva do arroz ainda buscará iniciativas voltadas à exportação do produto. A falta de ações nesse sentido foi reclamada pelos dirigentes no pacote de medidas anunciadas pelo governo federal, que disponibilizará R$ 700 milhões em recursos para compra do produto, divididos em Aquisições do Governo Federal (AGF), Empréstimos do Governo Federal (EGF) e leilões de opção pública.

O ingresso livre de arroz beneficiado do Mercosul, especialmente da Argentina e do Uruguai, no Estado será outro tema debatido durante a 17ª Abertura Oficial da Colheita, de 2 a 4 de março, em São Gabriel. O secretário explica que, antes de tomar alguma medida, o setor quer conversar com os países vizinhos para buscar um entendimento.

O assessor de política agrícola da Fetag, José Lourenço Cadoná, diz que a entrada de arroz beneficiado sem nenhuma imposição de regra restritiva afeta não apenas o preço pago ao produtor gaúcho como também é uma questão de saúde pública.

Participaram da reunião na SAA as seguintes entidades e sindicatos: Irga, Agas, Federarroz, Farsul, Conab, Sindarroz, Fetag, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Camquã, Sindicato Rural de Tapes e a Bolsa Brasileira de Mercadorias.

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