Câmara Setorial do Arroz: sem leilões de oferta, mas com obstáculos a superar

 Câmara Setorial do Arroz: sem leilões de oferta, mas com obstáculos a superar

Dornelles: diálogo é importante para a cadeia produtiva

Cadeia produtiva tem consenso sobre trabalhar pela competitividade internacional da indústria .

Reunida no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em Brasília (DF), na última terça-feira (27/5), a Câmara Setorial Nacional do Arroz consolidou posição de que não é necessária a intervenção do governo federal no mercado brasileiro para a liberação de estoques públicos.

Essa posição já era defendida pela Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz) diante de informações divulgadas na imprensa de uma postura de setores da cadeia produtiva em favor da liberação dos estoques, que a entidade constatou tratar-se de mero boato, após buscar esclarecimentos junto aos atores do segmento.

O presidente da Federarroz, Henrique Osório Dornelles, explica que o consenso da Câmara Setorial se justifica pela inexistência de qualquer problema de oferta no mercado ou risco ao abastecimento interno ou mesmo indisponibilidade de cereal para as exportações, que têm um bom desempenho neste início de ano comercial. “Estão afastados os boatos no sentido de que estaria ocorrendo eventual escassez de arroz para o abastecimento da indústria. A oferta tem um fluxo estável e adequado ao atendimento das demandas nacional e internacional”, resume.

O dirigente destaca que, afora o posicionamento oficial da cadeia produtiva, é preciso analisar o atual cenário da safra gaúcha, praticamente encerrada. “Os produtores de regiões como a Depressão Central e das Planícies Costeiras Interna e Externa à Lagoa dos Patos, tiveram rendimentos médios por hectare inferiores a sete toneladas. Estes, somente pela diminuição da média de produtividade em meia tonelada/hectare, sem considerar o aumento de custos de produção, precisam realizar uma média de preços de R$ 2,00 por saca de 50 quilos, acima daquela obtida na última temporada”, acrescenta Dornelles.

Segundo ele, outro fator que deve ser considerado na formação de preços do arroz em casca no Rio Grande do Sul é que as corretoras e tradings que estão adquirindo a matéria prima para exportação utilizam como referência a tabela de classificação oficial, enquanto algumas indústrias adotaram referências próprias, com menores tolerâncias a defeitos. O presidente da Federarroz também enfatiza que o Brasil, para manter a estabilidade de preços obtida nas últimas duas temporadas, precisa cumprir a meta de exportar cerca de um milhão de toneladas.

Henrique Osório Dornelles afirma que “embora num cenário ideal fosse muito bom estar exportando exclusivamente o cereal beneficiado, diante de nossa pretensão como País de obtermos nosso espaço e reconhecimento como player mundial, não podemos virar as costas aos mercados que se abrem e às oportunidades que nos são oferecidas por clientes internacionais”. Para ele, é uma posição de cadeia produtiva a necessidade de buscar maior competitividade à indústria brasileira de arroz, especialmente no mercado externo.

A entidade avalia que a cadeia nacional deve concentrar suas forças em resolver dois problemas prioritários: a tributação brasileira, que é nociva à comercialização de produto industrializado, em situação similar ao que ocorre com as carnes, soja, entre outros produtos; e a redução das taxas de importação de arroz beneficiado nos diferentes mercados-clientes do Brasil. "O MAPA possui uma equipe muito profissional e comprometida com a agricultura brasileira, e precisamos demandá-los neste sentido", finaliza Dornelles.

 

17 Comentários

  • A tabela oficial de classificação da CONAB é usada pelos compradores internacionais e as industrias nacionais criaram as delas para lesar o produtor…
    Por isso que digo, exportem tudo que puderem que depois a industria vai comprar arroz velho da CONAB com a tabela oficial e ai vão começar a valorizar o produtor …
    Pra tristeza do Sr. Alexandre Dutra esta notícia já refletiu no mercado, não como ele gostaria mas … 41 para lote de puita em Pelotas já é realidade …

  • belo comentario diego silva,temos q botar o preço no nosso produto ,é 40 pila e nao tem essa de falar q tem arroz bom sobrando,temos q valorizar nosso trabalho e a qualidade do nosso produto.

  • Gostaria de parabenizar os posicionamentos do atual presidente da FEDERARROZ, pela sua racionalidade e objetividade. Estávamos há muito tempo carentes de uma liderança com uma visão moderna sobre como conduzir a comercialização da nossa produção. Com certeza não é aumentando o preço MÍNIMO que vamos poder ter esperança de um futuro mais promissor para o nosso negócio. Devagarinho vamos mudar a mentalidade do nosso produtor. Temos que nos desmamar das políticas assistencialistas de governo e encarar nossa atividade como atividade de risco, como aliás sempre foi. Apenas tentaram por muito tempo mascarar essa realidade.

  • O governo não vai interferir agora porque teve o bom senso de ver que não era hora e, de que se tivesse que o fazer, isso será mais adiante, mesmo com um estoque de 500.000 ton e da desconfiança em relação a qualidade dos estoques públicos… O Governo sabe que tem arroz para um bom tempo (pelo menos até a proximidade das eleições)… Eles são sempre bem informados pelos diversos setores da cadeia orizícola… Se queimassem pólvora em chimango estariam dando um tiro no próprio pé… Essa pressão era jogada do varejo e da indústria para tumultuar desde já o mercado e conseguir preços mais aviltados para ofertar arroz ainda mais barato nos grandes centros consumidores… Parece-me que não deu certo… E o dólar segue a subir… como subirá ainda mais, não vai ser fácil IMPORTAR como uns estufam o peito e tentam impor seu desejo… Mataram a galinha dos ovos de ouro há 2 anos e agora querem ovos de duas gemas… De que jeito… Quero parabenizar a FEDERARROZ na pessoa do seu presidente, pessoa extremamente envolvida com a causa que assumiu e, que, finalmente, veio a público e acalmou os ânimos, esfriando o TERRORISMO BARATO que estava contagiando o mercado e, assustando alguns produtores… Não queremos vender arroz a R$ 60… Mas queremos um preço que seja compatível com nossos custos que não param de subir, assim como a inflação… A cada ano mais e mais produtores sucumbem porque tem que vender sua colheita precocemente (entre fevereiro e abril), com sérios prejuízos, que nem mesmo vendendo a metade de sua safra a R$ 40 conseguem recuperar as perdas depois… Já disse e volto a repetir… Vender arroz na atual conjuntura a menos de R$ 42 (R$ 39 livre dos descontos absurdos) é TUFO… Quem tem a contabilidade organizada sabe o que eu estou falando… Os custos vão subir 20% e isso tem que ser pago com a atual safra (regime de caixa)… A grande maioria já vendeu mais da metade do arroz que colheu entre R$ 30 e 32 livres… Se o custo é de R$ 35 por exemplo? quanto sobra se vender a R$ 37 os outros 50%??? EU SÓ CHEGO A UMA CONCLUSÃO… PREJUÍZO DE R$ 1 a 3 POR SACO… (para uma média de produção de 280 sacos por quadra)… Tem poucos que colheram mais que isso, pois a maioria colheu entre 250 a 280 sacos por quadra nessa safra… Na safra anterior ficou bem acima de 280 sacos por quadra e já houve escassez de arroz em novembro de 2013… Dai resulta a falta momentânea de oferta… Existe arroz, mas não na quantidade que o pessoal projetava… a produtividade média foi de 7000 a 7500 kgs/ha em números reais… O excesso de calor e a bruzone, em conjunto com o atraso no plantio face a chuvarada de novembro fizeram um baita estrago nas lavouras… É por isso que a conta não fecha e o mercado está aquecido… Então vamos esquecer o governo um pouquinho e vamos nos esforçar para respeitar as leis de mercado… Engraçado é que quando a coisa arrocha para a indústria e varejo eles pregam a união como forma de equalização nos lucros… Alguns chamam os produtores até de revanchistas buscando a sensibilização… Mas na hora de descontarem de R$ 1,50 a 2,00 porque o arroz é da variedade puitá ,de descontarem R$ 0,50 a 2,00 por RENDIMENTO na tabela Orelhana, frete, secagem, impureza não frouxam um centavo… O produtor chega a perder de R$ 4,00 a 8,00 nessa brincadeira… Aliás para quem não sabe eles compram o puitá e dizem que é arroz indústria (mais fraco que o reserva) para justificar a diferença no preço e dai acabam descascando e fazendo parabolizado, que dá o mesmo rendimento em tipo 1, que dá o 409 e 417 (reserva)… Acabem com essas tabelas absurdas… Com essa exploração sem precedentes, que talvez os produtores realmente passarão a sentir confiança de que a indústria é nossa real aliada no crescimento da classe… Abraço a todos !!!

  • Gostaria que o Senhores produtores, principalmente Sr. Flavio explicasse que preço eu tenho que pagar ai no sul no arroz para competir com o arroz medianeira ( que salvo engano) é de santa maria, que esta sendo vendido em Lins e marilia por $ 7,98 o pacote,???? no máximo posso pagar $ 30,00 pra tentar fazer parecido, talvez nem nos 30,00 mais certo mesmo 28,00, a rede rejeitou meu produto por chamar de ‘caro’, agora vou ai no sul e ofertar barato, porque os próprios gaúchos vem abaixar o mercado aqui de são Paulo. Ai aparece uns ai e falam em terrorismo, ou acham que os produtores são os injustiçados e que a indústria é lobo mau, ah porfavor gente. Essa marca citada acima tem cido a marca que mais tem atrapalhado o interior de são Paulo, forçando toda a indústria daqui a tentar baixar os preços ai no Rio grande, e ai vc vai explicar que o arroz deles não tem qualidade, o supermercado não te da nem pelota, fala que eles precisam de preço, então não esta errado a camil em criar o arroz ratalino como vcs chamam, ou esses MEDIANEIROS da vida, bem médios pra baixo.

  • Senhor João Industria. Esses tempo teve um cara comentando aqui no planeta arroz, que tem produtores que se dão muito bem vendendo arroz a R$30,00 e que o produtor que não consegue isso é porque é incompetente.
    Agora digo a mesma coisa pra vocês. Vocês são incompetentes, porque não copiam o modelo de negócio dessa industria, ela deve estar bem, não deve estar com prejuízo senão não venderia arroz nesse preço.
    Aprenda a administrar como eles.

  • Estou de pleno acordo com o sr João industria.SP.
    Sou repres. coml. de uma ind.arroz aqui do interior de SP. e não consigo vender no preços praticados pela indunstrias do Rio Gde do Sul que vendem arroz em S.Paulo com preço bem abaixo praticado pelas ind. SP. que praticam o fdo de 5kg do arroz branco de 55,00 a 56,00, e estão sempre reclamando que estão vendendo no prejuizo.
    Enquanto a ind. Gaucha está vendendo a 50,00 e 51,00 fdo branco e parboi.
    Os supermercadista dizem que a ind. de SP. está ganhando muito!!

  • Entendo a sua preocupação seu João, a cada 3 anos passo 2,5 pela mesma, vendo arroz abaixo do custo e vou comprar insumos e não param de subir, chamo isso de prejuízo pois o que recebo pelo meu produto não conte meu custo de produção, vender arroz a menos de 40,00 tenho prejuízo.
    Sugiro ao Sr. fazer como eu e outros, buscar novos mercados (exportação) diversificar (soja na VARZEA) e buscar conhecimentos com aqueles que estão tendo sucesso.
    SOJA NA VARZEA NELES!!!

  • Sr. Gabriel gomes, seu comentário é infeliz e não merece ser argumentado visto que o Sr. não entende nada de nada pelo seu ponto de vista, sobre o comentário acima só coloquei um outro ponto de vista, para que a indústria não seja a única culpada disso tudo, sobre o comentário do Sr. Diego, sempre acompanho empresas que vendem barato, para tentar aprender, mas sempre aprendi que mais cedo ou mais tarde elas quebram, tinha uma tal de Cotrijui, acho que é esse nome, alguém sabe como ela esta ?? Existem N variáveis no mercado, mas os produtores querem achar a indústria como única culpada, foi isso que tentei passar no comentário acima.

  • Seu João Indústria… primeiro o sr. deveria se identificar… aqui ninguém esconde a cara… em segundo lugar se o sr. acompanhar meus comentários anteriores saberia que o arroz que está sendo desovado ai agora foi comprado durante a colheita a R$ 30 do pessoal apertado que precisou fazer caixa para financiar a colheita… Muitos entregaram arroz no sistema 2×1… Ou seja para cada saco financiado paga 2 na colheita… Se o sr. conhecesse como funciona a indústria e tivesse lido meus comentários anteriores saberia que as grandes vão muito bem obrigado… construindo silos… secadores… moegas… comprando carretas, etc… E quem financia tudo isso a não ser o preço baixo pago aos produtores e o lucro junto ao varejo??? Estou errado??? Venha até a fronteira-oeste do RS e o sr. verá com os seus próprios olhos… se não acredita na minha palavra… Além disso falei também que as pequenas e médias sucumbiriam… porque durante muitos anos tentaram matar a galinha dos ovos de ouro e em muitos casos conseguiram… é a lei do retorno… da causa e efeito… os preços se formam de baixo para cima e não de cima para baixo como querem nos empurrar goela abaixo… se não conseguem vender… bom.. paciência… o povão terá que comer alguma coisa… O “tumate” não sobe??? a carne não está disparando… E as pessoas estão deixando de comer??? a realidade é uma só… a inflação voltou e o repasse de custos nos preços é inevitável… Ou a indústria quer arroz de graça??? a R$ 17 ??? a teta secou companheiro…

  • certo Sr Flavio é bem assim que funciona, e com certeza este joão da indústria não tira do produtor como as industrias daqui com descontos exuberantes no produto podendo assim pagar mais pro produtor e ainda vender mais barato o far
    do

  • Senhores, vejo que a cada dia estamos mais distantes. A Grande industria pode ter feito isso, mais nos pequenos e médios não temos esse poder todo. Eu pelo menos não comprei ou tive oferta de arroz a menos de R$ 34,00. Não entendo então…devo ser como disse o Sr. Gabriel de Capivari um baita incompetente….Compro arroz acima de 36,00 e já me ofertam arroz posto aqui a 38 e ainda assim sou burro. O certo mesmo e eu parar de tentar vender arroz e virar corretor, produtor, ou comerciante…..

  • Pois é sr. Antônio , algumas industrias não entendem como outras compram arroz a 39 e tem lucro , eu nunca consegui entender como o produtor que vende arroz abaixo de 40,00 tenha lucro mas mesmo assim vende, talvez isso explique o que o Sr. esta tentando entender…

  • Simples Sr. Diego, as industrias que pagam R$ 39,00 tem marca e o varejo aceita comprar essas poucas marcas num preço mais elevado, mais não esqueça que estas mesmas industrias estão lançando segunda marca e colocando tudo o que é coisa dentro do pacote. Agora a pouco uma industria ai da sua cidade na praça de Brasilia, teve a infelicidade de ter em seu pacote um ARROZ GENUINAMENTE RATALINO, uma vez que o próprio bichano foi fazer turismo do DF dentro do pacote…..Concordo com o senhor que temos que diversificar, mais estas contas nunca fecham e nunca vão fechar!!!

  • É mais ou menos a mesma situação do produtor capitalizado para o descapitalizado Sr. Antônio, o descapitalizado vende arroz na safra barato o capitalizado vende pelo melhor preço, quem está melhor?
    É injusto mas é uma seleção natural.

  • Agora concordamos Sr. Diego é a seleção Natural. O senhor como um dos mais atuantes aqui pode me dizer então quem são os predadores do mercado, O CARTEL? Porque quero saber quem são os concorrentes que devemos nos cuidar?

  • Sr. Antônio as indústrias altamente capitalizadas estão construindo ou alugando estruturas para receber arroz, distribuem recursos para os produtores descapitalizados através de CPR para encherem seus armazéns, logo fazem a liquidação na safra tentando forçar ao máximo a baixa, resumindo compram arroz barato pra fazer média, isso já explica uma parte de conseguirem ser competitivas a outra pare se chama tabela orelhana, o produtor que deposita seu arroz nestes armazéns tem de 8-10 por cento desconto comparado com a tabela da CONAB.
    Teve até cpi para investigar esta tabela mas nossos governantes simplesmente não deram mais a cara, agora aparecem pedindo voto…
    Por essas e outras que sempre digo
    SOJA NA VÁRZEA NELES!!!

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