Canta, Catarina

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Epagri de Santa Catarina tem bons motivos para comemorar .

Os pesquisadores da Epagri de Santa Catarina conseguiram colocar a lavoura arrozeira do estado entre as mais produtivas do mundo. O fato de alcançar uma produtividade média de 7,2 mil quilos por hectare na safra passada, cerca de 2,3 toneladas acima do resultado obtido no Rio Grande do Sul – principal produtor brasileiro -, e de ter batido o recorde de produção com mais de um milhão de toneladas, no entanto, não é motivo para acomodação dos pesquisadores.

O líder do Projeto Arroz da Epagri, Richard Bacha, explica que ainda há muito por fazer para atingir o potencial de competitividade projetado para a lavoura catarinense. “Há grande potencial de produtividade, produção, tolerâncias e qualidade para o arroz nas pesquisas que a Epagri conduz neste momento”, avisa.

Santa Catarina é abençoada com um clima favorável, que vai desde as características do litoral norte gaúcho até o de Serra, em Pouso Redondo. As regiões produtoras são as encostas da serra, litoral e interior, onde está Agronômica, a cidade recordista mundial em produtividade de arroz com 14.740 quilos por hectare. Apesar de todas estas características favoráveis ao cultivo do cereal, o Projeto Arroz desenvolvido pela Epagri catarinense tem uma grande relevância nos resultados da lavoura do estado.

Desde 1975, quando foi instalado, houve um crescimento superior a 70% em área e de 228% em produtividade na orizicultura catarinense. “Iniciamos a trabalhar com o plantio de 75 mil hectares e uma produtividade de 2,3 toneladas para chegar a 136 mil hectares de arroz em sistema irrigado e uma produtividade superior a 7,2 toneladas”, revela Bacha.

Para alcançar esses resultados, alguns fatores são apontados como essenciais pelo pesquisador: a entrada de novas cultivares, criação e desenvolvimento pela Epagri, tecnificação e expansão das áreas com sistema pré-germinado e o Programa Pró-várzeas do Governo Federal. “Houve ganhos também em outros sentidos, com o desenvolvimento de métodos eficientes de controle de plantas daninhas. Tanto pela sistematização quanto pelo uso de herbi-cidas, redução do vermelho e mudanças significativas nas orientações para a fertilização nitrogenada”, acrescenta.

COLHEITA – Atualmente, a Epagri já disponibiliza um pacote tecnológico bem determinado e eficiente, onde cultivares de alto potencial produtivo representam um plus nos resultados da lavoura. “Aí está o grande desafio da Epagri no momento. Estamos trabalhando intensamente na superação do potencial produtivo das cultivares e na geração de novas plantas capazes de atingir a mais de 15 mil quilos de grãos por hectare”, frisa. Esta é uma das linhas de pesquisa que mais se destaca na Epagri.

 

As vedetes do show

O desenvolvimento, pela Epagri, de cultivares de alto potencial produtivo, é o grande projeto de melhoramento em pauta na empresa no momento. Uma cultivar multiespigueta e com panícola compacta, com o dobro de grãos de uma variedade normal, está em fase final de estudos. O líder do Projeto Arroz em Santa Catarina, Richard Bacha, revela que existem 54 linhagens destes materiais em estágio avançado de desenvolvimento nas estações de pesquisa catarinenses e em cultivos de inverno no Mato Grosso e no Ceará.

O pesquisador Takazi Ishiy informa que existem mais 120 linhagens em estágios iniciais de avaliação. “Para alcançar maior produtividade, a planta precisará de mais nutrientes, de colmos mais fortes para resistir ao acamamento – principalmente no pré-germinado – e uma série de outras características, como dobrar as dimensões da área folhear que ainda estamos testando”, revela. A expectativa é de que a primeira cultivar entre no mercado em três a quatro safras.

No momento, as linhagens passam por testes de rendimento, adaptação às regiões e qualidade do grão. “Até agora já conseguimos plantas com colmos fortes, tolerância a ferro, folhas largas e permanentemente verdes, qualidade de grão (agulhinha), entre outras características desejáveis”, diz o melhorista Takazi Ishiy.

QUESTÃO BÁSICA
Richard Bacha, por que a lavoura de arroz de Santa Catarina vai tão bem?
"Os motivos são muitos, mas dá para citar, por exemplo, que essa lavoura tem as características de pequena área, propriedades com mão-de-obra familiar, máquinas suficientes, sistema de comercialização do produto muito vantajoso ao produtor, pois a indústria tem maior capacidade de beneficiar do que a produção local. Além disso, existem treinamentos e serviço de extensão eficientes que repassam a tecnologia aos produtores e a qualidade da semente, que é 100% certificada com zero de vermelho. E há disponibilidade de alta tecnologia e excelentes cultivares", finaliza.

 

Nova cultivar descende de um inço

As cultivares de arroz de alta produtividade em desenvolvimento nos programas de melhoramento da Epagri se originam em variedades de arroz vermelho mantidas no banco de germoplasma da instituição. O pesquisador Takazi Ishiy informa que as cultivares apresentavam características de alta produtividade, colmos mais fortes e maior área de folhas, o que tornou-se bastante interessante para o desenvolvimento de variedades comerciais mais produtivas. Por meio de práticas de melhoramento, os pesquisadores estão alcançando a cultivar desejada com excelentes propriedades culinárias e bom rendimento de indústria.

Ainda dentro das linhas de melhoramento do Projeto Arroz, a Epagri trabalha no desenvolvimento de grãos especiais para nichos de mercado, como cozinhas orientais. “Estamos trabalhando num arroz agulhinha com característica de glutinoso”, informa o líder do Projeto Arroz, Richard Bacha. Também estão sendo testadas cultivares híbridas em convênio com empresas privadas e no desenvolvimento de cultivares específicas para o pré-germinado, que já é uma tradição catarinense, pois praticamente 100% de sua lavoura utiliza este sistema de cultivo. A pesquisa da Epagri também mantém seu foco na pesquisa ambiental, racionalização do uso das águas e a busca contínua da produtividade e da qualidade.

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