Características e potencialidades do uso de remineralizadores como fonte de nutrientes às plantas
O Brasil possui muitas riquezas em recursos naturais, entre eles solo, água, minérios e paisagens. A diversidade geológica e a disponibilidade de grande quantidade de material abrem a possibilidade de uso em agricultura de rochas a base de silício, tais como o basalto. O uso desse recurso mineral na atividade agrícola passa de forma obrigatória pelo conhecimento integrado da geologia e agronomia para prospectar fontes de nutrientes, caracterizar rochas e testar suas potencialidades em diferentes solos e culturas.
As rochas são compostas por minerais e, estes, por elementos químicos. Assim, determinada rocha pode conter minerais capazes de fornecer nutrientes e micronutrientes. Tais características tornam as rochas materiais potenciais ao uso agrícola, na fertilização de solos e nutrição de plantas. Mas nem sempre tais recursos estão prontamente disponíveis às plantas, estando os minerais, de certa forma, “presos” na estrutura do mineral. Por isso, aplicar rochas “in natura” nas lavouras exige a facilitação dessa disponibilidade de nutrientes, como a moagem. Processos biológicos e pré-tratamentos químicos estão sendo desenvolvidos e são cada vez mais utilizados para esse fim.
Comercialmente, existem produtos remineralizadores, termo usado para pós de rochas que atendem à lei brasileira e se enquadram às normativas de qualidade física e química, a exemplo dos corretivos de acidez do solo. São rochas moídas que, uma vez aplicadas, devem melhorar atributos da terra e a produtividade das culturas.
Atualmente, há cerca de 30 remineralizadores registrados e disponíveis no mercado para uso agrícola. A aplicação, entretanto, deve seguir um posicionamento dentro do sistema de produção baseada nas características do produto, do solo, das culturas e a combinação com os demais insumos. A composição química do remineralizador e o grau de moagem são os dois primeiros pontos a serem observados. A capacidade de liberação de nutrientes, a necessidade da cultura e a exportação dos elementos via grão ou palha devem ser levados em conta. A distância entre a origem e a lavoura é fator importante que compõe o custo por unidade do nutriente a ser usado.
Existe a tendência de aumento da oferta de remineralizados no Brasil. E seu uso abrange várias regiões, solos e culturas. O desafio posto às instituições de pesquisa e produtores rurais é no sentido de desenvolverem conhecimento regional para o uso de novas fontes de nutrientes via rochas moídas, encaixando-se nos sistemas de produção locais de forma racional. Espera-se, com tal estratégia, contribuir na redução da dependência por insumos importados.
Edson Campanhola Bortoluzzi
Pesquisador/Consultor