Casca de arroz é fonte para projeto da CAAL
A Cooperativa Agroindustrial Alegrete Ltda (CAAL) lançou ontem a pedra fundamenta.
A Cooperativa Agroindustrial Alegrete Ltda (CAAL) lançou ontem a pedra fundamental da termelétrica à base de casca de arroz que vai construir na cidade. A usina, programada para gerar 3,8 Megawatts (MW), vai demandar um investimento de R$ 13,6 milhões, sendo R$ 4 milhões de recursos próprios e o restante financiado pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). A previsão é de que a usina entre em operação em julho de 2008.
– A usina é economicamente viável e ambientalmente necessária – diz o presidente José Alberto Pacheco Ramos.
Para ele, a energia gerada será suficiente para atender toda a necessidade da cooperativa (de três plantas industriais, fábricas de ração, charque, três supermercados, atacado, centro de distribuição, centro comercial e restaurante) e haverá ainda um excedente a ser comercializado.
– Isso vai reduzir os nossos custos de energia e assim reduzir os custos de produção. Vamos poder operar 24 horas – diz Ramos, lembrando que como a cooperativa é enquadrada em tarifas diferenciadas não pode produzir à noite.
A economia com energia é estimada em R$ 1,8 milhão por ano.
Ramos lembra que, além da redução de custos, a usina permitirá uma destinação mais adequada da casca, que representa 22% do volume de arroz recebido pela cooperativa de Alegrete, município da fronteira oeste do Rio Grande do Sul, uma das regiões que mais produz o grão no estado. Hoje a casca é utilizada no próprio processo de secagem do arroz ou então descartada no meio ambiente.
A previsão da CAAL é que o volume de casca utilizado na usina chegue a 28 mil toneladas por ano, evitando assim que um montante expressivo seja deixado no meio ambiente, produzindo metano, um dos gases causadores do efeito estufa. Por isso a CAAL já tem assinado com uma trade holandesa a comercialização de créditos de carbono.
Cálculos da cooperativa indicam que, com a utilização de casca na usina, cerca de 45 mil toneladas de gás carbônico deixarão de ser emitidos por ano na atmosfera. A carta de aprovação para a comercialização de créditos de créditos de carbono, conforme a CAAL, já foi aprovada nas esferas municipal, estadual e federal e conta com registro na Alemanha.
A CAAL recebeu este ano 140 mil toneladas de arroz. A cooperativa se dedica apenas ao beneficiamento de arroz para terceiros.Maior produtor de arroz do País, o Rio Grande do Sul conta com outras usinas termelétricas à base de casca do grão em arrozeiras. A Camil foi ainda, ano passado, a primeira empresa brasileira a receber pagamento pela negociação de créditos de carbono. O valor de 1,5 milhão foi desembolsado pela holandesa BioHeat, referente ao funcionamento da usina de 4,5 MW de 2001 a 2005.