Cautela e caldo de galinha…

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Produtores não aumentam muito a área das lavouras

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O futuro da lavoura arrozeira, em termos de preços ao produtor, dependerá fundamentalmente do planejamento da produção da atual safra. Se o setor voltasse a aumentar a área cultivada, estaria também aumentando a oferta no ano que vem e, assim, reduzindo os preços do produto no mercado brasileiro. A boa notícia divulgada pelo Irga no início de novembro é que a lavoura gaúcha, responsável por 45% da produção nacional de arroz, aumentará apenas 1,33% para esta safra, o que corresponde a 9.433 hectares.

Por isso, o diretor-financeiro da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Marco Aurélio Tavares, acredita que os arrozeiros estão no caminho certo por não investirem no aumento de área e por buscarem aumentar a produtividade. “Temos que buscar rentabilidade. Não podemos ficar cometendo os mesmos erros, numa eterna gangorra de ter preços razoáveis num ano e no outro ofertar produto demais e alcançar uma remuneração menor do que o custo de produção”, destaca.

Tavares lembra que para formar a lavoura da safra 2001/2002 o produtor vai desembolsar bem mais em insumos. “A alta do dólar está nos obrigando a formar uma lavoura mais cara, mas nós recebemos em real, por isso é preciso ter muitos cuidados e não se iludir com o valor nominal da saca”, avisa. O salto de R$ 12,00 para R$ 21,00 pela saca de 50 quilos, entre abril e o início de outubro deste ano, foi saudado pelos arrozeiros, mas não beneficiou a todos.

Os produtores que estão organizados e capitalizados e puderam segurar o produto em suas mãos até o segundo semestre conseguiram vender com alguma rentabilidade. A maior parte dos arrozeiros, porém, não foi beneficiada. “Quando o arroz chegou a R$ 20,00 a saca, não estava mais com o produtor”, explica Marco Aurélio Tavares. 

 

Alta do dólar afeta custo

O custo da formação da lavoura arrozeira para a safra 2001/2002 no Rio Grande do Sul deverá ser reajustado no mínimo em mais 10% sobre os valores do ano passado. A informação é do diretor-financeiro da Federarroz, Marco Aurélio Tavares, que vê como principal causador deste cenário a disparada do dólar este ano. As projeções iniciais não são muito otimistas. “A maior parte dos insumos, como fertilizantes, defensivos e uréia, é importada. Isso nos coloca numa situação delicada”, explica.

Tavares lembra que em 2000, na época de formação da lavoura, o dólar andava na casa de R$ 1,90. Em setembro deste ano a cotação já alcançava R$ 2,70 com a crise mundial desencadeada com os ataques terroristas aos Estados Unidos. “A desvalorização do dólar vai contra o produtor porque os insumos são importados e o nosso produto é vendido no mercado interno. Compramos em dólar e vendemos em real”, reforça o dirigente arrozeiro.

Se o arroz fosse valorizado no mercado externo e direcionado à exportação, como é o caso da soja, haveria até motivos para comemorar, mas a realidade é diferente. O custo de produção, por esta projeção e o valor divulgado anualmente, deverá encostar nos R$ 15,00 para o saco de 50 quilos.

Ponto de vista

Segundo Marco Aurélio Tavares, a Federarroz trabalha no sentido de mostrar ao arrozeiro que é preciso construir, organizadamente, uma visão de futuro. “Temos que produzir alimentos para o país de maneira a obter uma boa renda. Para isso, a partir da nova safra temos que mudar a mentalidade da cadeia produtiva do arroz e trabalhar com mais profissionalismo, organização, mobilização e informação”, acrescenta.

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