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Pereira: muita calma nessa hora

Produção de arroz gaúcha mantém volume superior a 65% da safra nacional
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Mesmo com problemas climáticos, limitações pelo surgimento de arroz vermelho tolerante a herbicidas e ocorrência de doenças como a brusone, que frustraram a produção esperada, o Rio Grande do Sul, mais uma vez, será majoritário na safra brasileira deste cereal, alcançando 66,9% do total colhido. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê, em maio, a produção de 7,99 milhões de toneladas de grão em casca no RS, com alta de 3,3% sobre os 7,74 milhões colhidos no ciclo 2011/12.

A evolução se deve ao aumento de área e produtividade. A superfície semeada cresceu 1,3%: de 1,053 milhão de hectares para 1,066 milhão, segundo a Conab. Em rendimento, o salto foi de 2%, de 7.350 para 7.495 quilos por hectare. A interferência negativa do clima foi minimizada pela alta tecnologia aplicada nos cultivos. Os números são expressivos, já que o Brasil semeou 2,39 milhões de hectares e colherá, em média, 4.999 quilos por hectare.

Em maio, a colheita gaúcha estará concluída. Os produtores comemoram os bons preços na safra, entre R$ 31,00 e R$ 32,00 na primeira quinzena de maio, e acreditam na valorização do cereal, como em 2012, após anos de acúmulo de perdas por excesso de chuva, seca e, principalmente, a falta de política agrícola que garanta renda. O presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Cláudio Pereira, considera que tão importante quanto uma boa colheita é a comercialização. “É um momento de cautela e olhos no mercado, principalmente nas variáveis que determinarão os preços. Cada produtor sabe da sua necessidade, mas uma venda fracionada costuma dar bons resultados”, revela.

Para o dirigente, a nova prática de cultivo de milho e soja nas várzeas gaúchas está mudando o perfil das vendas de arroz no Rio Grande do Sul. “Hoje o produtor vende primeiro a soja e o milho e reduz a pressão de oferta de arroz na safra. Vai negociando de forma fracionada, conforme o mercado, ao longo do ano. Esse comportamento ajudou na recuperação de preços a partir de março”, assegura. Também destaca que o governo do estado lançou um programa de redução dos encargos tributários sobre o arroz, que favorecerá à cadeia produtiva.

Renato Rocha, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), considera que a safra teve um resultado abaixo do esperado, mas ainda assim expressivo: “Somando a safra e os estoques públicos do Brasil, há arroz de sobra para garantir o abastecimento nacional”, afirma. Segundo Rocha, a entidade já está em contato com o governo para que, se houver leilões de estoque público, existam regras que evitem a depreciação de preços ao produtor. “O ideal é que o governo não intervenha no primeiro semestre, mas, se o fizer, é preciso haver equilíbrio e não gerar uma crise de comercialização”, avisa. Ao mesmo tempo, pede que o governo regre as importações e crie mecanismos de apoio à exportação, principalmente por desoneração tributária.

FIQUE DE OLHO
O presidente do Irga, Cláudio Pereira, recomenda cautela aos produtores ao planejar a área para a próxima safra. “É preciso ter cuidado para não semear uma área muito grande e isso acarretar produção excessiva e dificuldades de comercialização no futuro”, lembra Pereira. Segundo ele, o arrozeiro deve cultivar a área para a qual tiver garantia de água para a irrigação, estabilidade produtiva e seja de fácil manejo. “Nas áreas mais altas ou inçadas, com a tecnologia disponível, se deve avaliar o cultivo de soja e milho, por suas vantagens agronômicas e econômicas”, aconselha.

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