Cenário fundamental do arroz mantém perspectiva de alta
Neste momento, os leilões do governo contribuem para ajustar o mercado.
Os preços domésticos de arroz mantêm o comportamento lateral protagonizado desde meados de maio. No Rio Grande do Sul, a saca de 50 quilos é cotada, em média, a R$ 32,90. Em Mato Grosso, cada 60 quilos são negociados a uma média de R$ 40,18.
– Em relação ao mesmo período de 2007, os níveis atuais são 40% e 47% superiores, respectivamente – relata o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento.
Segundo ele, a elevação é justificada pelo maior aperto do quadro de oferta e demanda interno e pela alta recorde no âmbito global.
– O avanço mais intenso no Mato Grosso, por sua vez, deve-se à concentração de vendas de estoques públicos na região Sul – acrescenta.
Apesar da morosidade do mercado, os agentes continuam trabalhando cercados de incertezas.
– A dinâmica neste ano comercial tem dificultado até mesmo a permanência de engenhos menores nos negócios – ressalta.
Com os registros de embarques de cereal para o exterior equilibrando a balança comercial do produto, “a tendência segue sendo de preços firmes”.
Neste momento, os leilões do governo contribuem para ajustar o mercado.
– Porém, quanto maior o volume de vendas agora, menor será o poder de fogo para conter preços no pico da entressafra – frisa.
A voracidade das indústrias pelos estoques governamentais mostra que os agentes trabalham com uma situação de abastecimento complicada na atual temporada.
Na última operação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no dia 13 de agosto, os altos preços praticados no Centro Oeste e o baixo interesse dos vendedores privados fizeram com que bolsas da região entrassem na disputa pelas 30 mil toneladas ofertadas, arrematando 14,34 mil.
– Esta demanda por quase 50% da oferta levou os lotes, cujo valor de abertura era de cerca R$ 28,00 por saca de 50 quilos, a serem vendidos, em média, com ágio de 12,5% – lembra o analista.
Foi a segunda vez no semestre que o governo usou os estoques públicos para manter a estabilidade no mercado. Na primeira negociação, em 29 de julho, foram comercializadas 60 mil toneladas. No próximo dia 27, a Conab realiza outro leilão, sendo 50 mil toneladas do estado gaúcho e o 10 mil de Santa Catarina.