Chuva de granizo arranca grãos de arroz dos cachos no RS
Segundo o engenheiro agrônomo José Fernando de Andrade, as pedras de gelo caíram em uma faixa de 50 quilômetros, desde Pantano Grande até a divisa entre os municípios de Rio Pardo e Minas do Leão. Nesse trecho, os produtores calculam os prejuízos no campo.
A incidência de granizo que atingiu partes da região no final da tarde da última sexta-feira ocasionou graves problemas à agricultura de Rio Pardo. Na localidade de Passo do Adão, lavouras inteiras de soja e arroz foram distruídas. A segunda-feira foi de movimento intenso no escritório do 5º Nate do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), em Rio Pardo. Segundo o engenheiro agrônomo José Fernando de Andrade, as pedras de gelo caíram em uma faixa de 50 quilômetros, desde Pantano Grande até a divisa entre os municípios de Rio Pardo e Minas do Leão. Nesse trecho, os produtores calculam os prejuízos no campo.
Andrade conta que nessa segunda-feira 15 arrozeiros estiveram no Irga comunicando os estragos. “Já no sábado muitos me ligaram para informar do sinistro e hoje estão nos procurando para viabilizar a indenização”, explica. Durante a semana o escritório vai fazer o somatório das áreas atingidas e encaminhar os pedidos de vistoria das lavouras. “O produtor pode receber toda a despesa comprovada.” Em muitas áreas a colheita já estava avançada, mas em algumas propriedades as perdas foram mais significativas.
O arrozeiro Renan Netto, de 33 anos, foi um dos mais atingidos pelas pedras de gelo, que vieram aliadas de forte ventania. Na área de 56 hectares em Passo do Adão, ele esperava a maturação completa dos grãos para iniciar a colheita – o que deveria acontecer no início desta semana. “Quando deu ponto de corte, o granizo vem e destrói tudo”, lamenta. A incidência liquidou com 100% da lavoura. As panículas ficaram vazias e o chão amarelado com os grãos que caíram. “As pedras fizeram a debulha.” A sede da propriedade, há dois quilômetros do arrozal, foi levemente atingida.
Segundo Netto, a família planta há mais de 30 anos no local e nunca tinha registrado nenhum tipo de problema por causa de intempéries climáticas. O susto foi grande quando um dos funcionários falou sobre o estado da plantação e sobre as possíveis perdas. “Quando percorri a lavoura, percebi que não havia mais o que fazer”, conta. Agora, o agricultor busca ajuda do governo e espera o seguro para pagar as contas da safra e começar tudo de novo. “O arroz é nossa única fonte de renda.” Em Passo do Adão, o temporal derrubou mais de 25 postes de energia e deixou muitas propriedades sem energia elétrica por quase 24 horas.
VALE VERDE
No município de Vale Verde, o granizo surpreendeu nove produtores de arroz. O agricultor Carlos Augusto Toillier de Quadros, que planta em parceria com o pai Carlos Augusto Freitas de Quadros, conta que a lavoura localizada em Monte Alegre sofreu perdas de 70%. Agora, busca auxílio do seguro. Segundo comenta, não vale mais a pena gastar com colheita, transporte e secagem do arroz que ainda restou nos pés. O arrozeiro Adriano Kroth, que também planta na mesma localidade, lamenta ter perdido entre 3 e 4 mil sacas de arroz. O prejuízo só não foi maior porque uma parte da lavoura já havia sido colhida.
Conforme dados do escritório da Emater/RS-Ascar de Vale Verde, o arroz representa a segunda maior área plantada de grãos no município, perdendo apenas para o soja. A previsão estimada de colheita é de aproximadamente 213 mil sacos. No entanto, conforme o chefe do escritório municipal, Wilson Pitton, a projeção terá uma quebra significativa devido aos prejuízos provocados pelo granizo de sexta feira.
Decreto
Pelo decreto estadual número 47.724/2010, que regulamenta a indenização de que trata o artigo 25, da Lei número 533/1948, o orizicultor com lavoura no território gaúcho e inscrito no Irga poderá ser indenizado pelos prejuízos sofridos em consequência da queda de granizo em sua lavoura – desde que o evento ocorra até 30 de abril de cada ano. O produtor interessado em receber a indenização tem até três dias úteis após a incidência para comunicar o problema junto ao Irga. A lavoura atingida é vistoriada por técnicos do instituto. Mais informações nos Núcleos de Assistência Técnica do Irga.