Chuvas acima da média na primavera podem causar prejuízos na agricultura
Chuvas em demasiado elevam a umidade do solo, o que causa dificuldades para os produtores na hora do plantio de culturas de verão como soja, milho, feijão, arroz, entre outras.
Primavera lembra tempo estável e árvores floridas. Porém, a estação que iniciou nesta quarta-feira (23) será um pouco diferente neste ano no Rio Grande do Sul. Devido a influências do El Niño (fenômeno caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico), que voltou ao Estado depois de cinco anos, os três próximos meses serão de chuva intensa, acima da média.
"A estação tende a registrar volumes de precipitação mais altos, principalmente no Noroeste e na Metade Norte do Estado", avalia o meteorologista do Centro Estadual de Meteorologia (Cemetrs) da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), Flavio Varone.
E de que maneira esse fato pode causar prejuízos na agricultura? Quem explica é a agrometeorologista da Fundação, Bernadete Radin. Segundo ela, a plantação de trigo, que é uma cultura de inverno e que tem colheita prevista para novembro, poderá ser afetada.
"Ela poderá ser prejudicada, porque o excesso de chuvas propicia o aparecimento de doenças, principalmente as fúngicas. Assim, ocorre a diminuição da qualidade do trigo e a consequente perda de valor de mercado, afetando a economia do Estado como um todo", explica.
Bernadete esclarece ainda que as chuvas em demasiado elevam a umidade do solo, o que causa dificuldades para os produtores na hora do plantio de culturas de verão como soja, milho, feijão, arroz, entre outras. "Eles podem ter problemas de entrar com as máquinas nas áreas de plantio e também pode ocorrer erosão do solo".
E o que pode ser feito para prevenir e amenizar esses prejuízos? Conforme a agrometeorologista, não se pode mudar as condições meteorológicas, mas os produtores devem saber manejar adequadamente o solo, de maneira que haja uma maior infiltração da água da chuva que cai.
"Como? Fazendo a rotação de culturas, utilizando plantas de cobertura para não deixar o solo descoberto, e usar o cultivo em nível (não morro abaixo)", define Bernadete.
Ela conta que esse trabalho está sendo pesquisado e demonstrado no Projeto Mais Água da Fepagro, em parceria com outras instituições de ensino e pesquisa do Rio Grande do Sul.
"Os agricultores devem estar preparados para entrar com as máquinas para o plantio durante os dias sem chuva e com umidade do solo adequada", sugere.
Bernadete destaca também problemas na agricultura gaúcha devido às recentes temperaturas observadas no Estado. De acordo com ela, o inverno deste ano foi de temperaturas mais amenas, o que causou o florescimento antecipado de muitas árvores frutíferas.
"E houve também a ocorrência de algumas geadas, que prejudicaram principalmente as frutíferas"