Chuvas devem regularizar a partir do outono de 2020

 Chuvas devem regularizar a partir do outono de 2020

Figura 1. Normal Climatológica (período de 1981-2010) (A, B) e anomalia de precipitação (C, D) do modelo Inmet/UFPel, respectivamente para os meses de fevereiro e março de 2020, para o estado do Rio Grande do Sul. Fonte: adaptado de CPPMet-UFPel/Inmet.

Muitos municípios ficaram mais de 40 dias sem chuvas expressivas, que, aliado às altas temperaturas de dezembro, agravaram a situação da estiagem no Rio Grande do Sul. Embora tenham ocorrido alguns eventos de chuva durante o mês de janeiro de 2020, eles ainda não foram suficientes para regularizar a situação da estiagem no estado.

O Centro Americano de Meteorologia e Oceanografia (Noaa) mantém a previsão de neutralidade climática, ao menos até o outono, com, aproximadamente, 60 % de chance. Sem El Niño ou La Niña, outros fenômenos têm influência sobre as chuvas no estado, só que cada um tem seu ‘tempo de atuação’: a Oscilação de Madden-Julian tem periodicidade de 30 a 60 dias, a Alta da Bolívia possui intensidade e posição muito variáveis e a Zona de Convergência do Atlântico Sul atua de quatro a 10 dias. Todos eles ocorrem durante o verão, com maior influência nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Logo, os períodos de mais ou menos chuvas no RS dependerão da combinação destes fatores. Além disso, há a ocorrência das frentes frias, que são as maiores responsáveis pelas chuvas no Sul do Brasil. Como a situação é de normalidade, a variabilidade nas chuvas será alta. No entanto, se faz um alerta de que a tendência dos verões neutros é maior para a condição de déficit de chuvas.

E é isso que os prognósticos têm mostrado, chuvas abaixo do padrão normal, ao menos até março (figura 1). As chuvas irão ocorrer, porém, dificilmente alcançarão a média climatológica. Com a aproximação do outono, a tendência é de que as chuvas comecem a se regularizar, visto que a passagem de frentes frias se torna mais frequente. Isso deve começar lá pelo final de março e, principalmente, no mês de abril. Inclusive, as previsões de longo prazo indicam que as primeiras massas de ar mais frio deverão chegar em meados de abril ao RS.

Para a cultura do arroz irrigado, o cenário de pouca chuva e, por consequência, maior radiação solar é benéfico durante o período reprodutivo e de enchimento de grãos. Da mesma forma, essas condições são favoráveis para as lavouras cuja colheita ocorrerá em meados de fevereiro. No entanto, aquelas lavouras que tiveram suas semeaduras atrasadas pelas chuvas de outubro, poderão ter problemas com excesso de chuvas no período da colheita.

Já a cultura da soja, cultivada em rotação com arroz, está sendo prejudicada com os baixos volumes de chuva ocorridos. Inicialmente, muitas lavouras não se estabeleceram adequadamente devido à falta de chuvas regulares. Além disso, durante o desenvolvimento da cultura também tem faltado chuvas na maioria das regiões, situação que deverá continuar nos meses de fevereiro e março.

JOSSANA CEOLIN CERA
AGROMETEOROLOGISTA E CONSULTORA DO IRGA

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