CL nas alturas
Embrapa e Basf lançam
primeira cultivar CL
para as terras altas
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A Embrapa e a Basf lançaram em março, no Mato Grosso, a BRS A501 CL, primeira cultivar de arroz de terras altas resistente a herbicida e que entrará em produção nas próximas safras do Centro-Oeste e do Norte brasileiros. A BRS A501 CL resulta do programa de melhoramento genético da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO) em parceria com a Basf, detentora da tecnologia Clearfield. Desenvolvida com o cruzamento de diferentes materiais de arroz, não se trata de um evento transgênico. O modelo já é utilizado em variedades irrigadas no Brasil.
Resistente ao herbicida Kifix, a cultivar é recomendada para sistemas de plantio direto na palha e áreas com problemas de plantas daninhas resistentes ao glifosato, onde é necessária a rotação de moléculas. “É uma tecnologia para produtores de arroz e todo o sistema de produção”, diz o chefe-adjunto de transferência de tecnologia da Embrapa Arroz e Feijão, André Coutinho.
É o caso do produtor Ademir Fischer, de Lucas do Rio Verde, que utiliza arroz na rotação em áreas de soja. Todos os anos cultiva o grão seguido de um plantio de cobertura em algum talhão da fazenda. No ano seguinte, ao retornar com soja, a produtividade chega a aumentar até 10 sacas. Para ele, a maior dificuldade na orizicultura está no controle das plantas daninhas. “Como nas minhas áreas eu planto soja há 30, 35 anos, tudo quanto é espécie de plantas daninhas eu tenho ali. E o controle é muito delicado. O produtor não pode perder o time em nenhum momento. Espero que essa variedade seja o canal para plantar arroz em terras velhas”, afirma Fischer.
De acordo com André Coutinho, a BRS A501 CL é a primeira das variedades que serão lançadas pela Embrapa a curto e médio prazos com a tecnologia Clearfield em parceria com a Basf. Novos materiais encontram-se em fase de validação. Com a tecnologia, o produtor precisa fazer apenas duas pulverizações de Kifix ao longo da safra, reduzindo até 50% os custos com controle de invasoras.
“É uma tecnologia que vem ajudar os agricultores do Cerrado. Trabalhamos com ela no Sul, em áreas irrigadas, e agora teremos também em áreas de sequeiro para contribuir com a orizicultura no Cerrado”, disse Alexandre Kirosaki, gerente de marketing da Basf em Mato Grosso.
Alto rendimento de grãos
Outra característica da BRS A501 CL é o alto rendimento de grãos inteiros e a estabilidade de produção. De acordo com o pesquisador líder do programa de melhoramento de arroz da Embrapa Arroz e Feijão, Adriano Castro, a cultivar apresenta constantemente mais de 60% de grãos inteiros.
Esse alto rendimento se mostra estável no período de 25 a 53 dias após o florescimento, o que permite ao produtor ampliar a janela de colheita do arroz sem que haja perda na qualidade do produto final. “Se por algum motivo o agricultor não puder colher numa semana, poderá colher na semana seguinte sem afetar o rendimento”, destaca Castro.
Com ciclo médio, de 101 a 110 dias, a BRS A501 CL é indicada para as regiões Centro-Oeste e Norte do país. Tem produtividade média de 4 mil quilos por hectare e potencial produtivo ultrapassando os 8 mil quilos. As sementes da BRS A501 CL estarão disponíveis para os produtores nas sementeiras licenciadas a partir da safra 2017/18.