Clima instável, produção estável

La Niña ainda terá efeitos no Mercosul em área e produção de 2023/24

A instabilidade climática não deixará crescer de forma importante as áreas de cultivo de arroz no Mercosul na temporada 2023/24. Algumas lavouras são semeadas no Brasil (Paraná, Mato Grosso do Sul e norte catarinense), no Paraguai e na Argentina desde o início de agosto, mas no Rio Grande do Sul, norte da Argentina e no Uruguai muitas barragens não recuperaram níveis de água que deem suporte à nova safra de arroz. Isso faz com que o prognóstico inicial seja de uma área plantada similar à área de 2022/23 nesta nova safra.

Com dados das agências governamentais e consultorias especializadas, a Planeta Arroz estima que a área semeada deverá ficar próxima de 1,97 milhão de hectares, quase igual à temporada anterior. Será, a área, assim distribuída: 158 mil hectares na Argentina, 1,475 milhão/ha no Brasil, 179 mil/ha no Paraguai e 158 mil hectares no Uruguai.

O Paraguai, mais uma vez, aumentará a superfície em 6,7 mil hectares. Argentina e Uruguai dependem das chuvas de primavera. “Atualmente, apesar da crise econômica e retenções, o maior limitante à retomada na Argentina são as baixas reservas hídricas em Corrientes e Entre Ríos, províncias que respondem por quase 80% da produção do país”, explicou o consultor Fabian Franzese, da O&T.

No Uruguai, a situação não é tão diferente. “O Uruguai irriga com barragens e, após três anos de estiagem, chegamos a racionamentos de água em Montevidéu. Apesar de boa remuneração ao longo do ano, a água limitará uma evolução mais importante em área cultivada no país, exceto se as chuvas recompuserem os mananciais”, disse Alfredo Lago, presidente da Associação dos Cultivadores de Arroz (ACA) do Uruguai.

No Paraguai, o clima foi mais favorável à cultura, ocorrendo boa recomposição dos mananciais, e a mudança de algumas lavouras mais para o nordeste do país ajudou a reduzir a pressão sobre a bacia do Rio Tebicuary. “Não será expressiva, mas haverá uma ampliação da área semeada em função dos preços obtidos nesta temporada, o cenário do mercado e a firmeza da demanda”, disse Guillhermo Zub, presidente da Câmara Paraguaia das Indústrias do Arroz (Caparroz).

Apesar dos problemas de logística, o Paraguai tem conseguido bons resultados nas exportações ao Brasil e a terceiros mercados, o que motiva a ampliação de área.

Fique de olho
A área cultivada com arroz no Brasil tende a ser ligeiramente menor nesta temporada, mas também dependerá muito do comportamento do clima. Até meados de agosto, as barragens da fronteira oeste gaúcha não haviam se recuperado da seca prolongada. “Choveu, mas ainda não o suficiente para deixar os açudes no nível de garantia de uma nova safra.”, explicou Roberto Ghigino Fagundes, vice-presidente da Federarroz.

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