Colheita da soja alcança 80% no RS

 Colheita da soja alcança 80% no RS

Colheita da Soja avança nas terras de várzea (Robispierre Giuliani/Planeta Arroz)

A colheita de soja avançou significativamente na semana que passou devido ao favorecimento do clima seco. Assim, 80% da safra está colhida no Estado. O produtor está satisfeito com a produtividade e com os preços praticados, que continuam em alta.

Na regional da Emater/RS-Ascar de Bagé, o clima favorável permitiu que o percentual de lavouras colhidas evoluísse, alcançando 65% da área cultivada. Na Fronteira Oeste, a operação está mais adiantada, e alguns municípios já superam os 80%. Na Campanha, lavouras estabelecidas a partir da segunda quinzena de dezembro entram na fase de maturação, tornando menor o percentual de avanço da colheita. As produtividades são variáveis (15 a 80 sacos por hectare), mas na maior parte das lavouras colhidas situou-se próxima de 50 sacos por hectare. Parte dos produtores relatam dificuldades operacionais na colheita de cultivares com vigor excessivo e com decorrente acamamento de plantas.

As lavouras ainda em maturação sofreram estresse devido ao baixo volume de chuvas durante abril, o que poderá refletir em diminuição de produtividade. Produtores reservaram parte da produção para o uso como sementes na próxima safra, pelo bom desempenho das lavouras nesse ano, secagem a campo em condições adequadas e em prevenção à elevação de preço das sementes certificadas.

Em relação ao aspecto fitossanitário, as lavouras tardias do extremo Sul da Campanha foram mais afetadas pela ferrugem asiática e por percevejos em comparação com as demais, estabelecidas no início da época preferencial de semeadura.

Na regional de Ijuí, a colheita chega a 95% e diminui o ritmo com o menor número de produtores com áreas a colher. O clima seco favoreceu a operação. O produto colhido apresenta baixa umidade, alta incidência de grãos quebrados e verdes, devido à maturação desuniforme. Com a retirada da cultura, os produtores intensificam a coleta de amostras de solo e realizam a distribuição de calcário nas áreas onde o laudo de análise recomenda correção da acidez do solo ou para elevar a saturação de bases da solução do solo.

Na de Caxias do Sul, a semana de 19 a 25/04 transcorreu com predominância de tempo seco, favorecendo o avanço da colheita que já atinge os 85% da área cultivada. O rendimento médio estimado é de 3.763 quilos por hectare, mantendo excelente qualidade de grãos.

Nas regionais da Emater/RS-Ascar de Erechim e Passo Fundo, 98% e 99% das lavouras estão colhidas, respectivamente. Na de Erechim, até o final desta semana a colheita terá sido encerrada. A produtividade média é de 3.720 quilos por hectare. Produtores vendem a soja assim que colhem. Na de Soledade, as condições de tempo seco das últimas quatro semanas favoreceram a colheita da soja, que atinge 95% da área. O grão colhido é de ótima qualidade.

Na de Frederico Westphalen, 91% da área está colhida, 3% estão em maturação ou maduro e a área restante, cultivada em segunda safra sobre áreas de milho, feijão e tabaco, está em fase de enchimento de grãos. A colheita ocorre normalmente, pois o tempo firme e as temperaturas amenas são adequadas para a atividade. A qualidade do produto colhido é muito boa, e a produtividade está em 3.660 quilos por hectare, 5% superior à expectativa inicial e 44% maior que a do ano passado.

Na de Santa Maria, a colheita avançou para 75% da área implantada, que chegou a mais de um milhão de hectares. O rendimento médio obtido está muito bom.

Na de Pelotas, o clima continuou seco, favorecendo o avanço da colheita, que chegou a 61% das áreas. Os restantes 39% estão no estágio de maturação e maduro por colher.

Destaques em área colhida das lavouras de soja para Tavares, com 95%; São Lourenço do Sul, 85%; Pelotas, 80% e Arroio Grande, 78%. Com o avanço da colheita, as produtividades aumentam, confirmando as projeções de ótimas produtividades e produções, resultando na maior safra da história da região. Devido à grande safra em colheita, há filas de caminhões carregados de soja em todos os cerealistas. A expectativa para descarregamento do grão é de no máximo 36 a 40 horas de espera.

Na de Porto Alegre, a colheita chegou a 73% da área, avançando bem durante a semana, pois o clima seguiu favorável à atividade. O tempo seco proporciona grão de excelente qualidade, com reduzidas perdas de colheita.

Na regional de Santa Rosa, a colheita avançou para 85% da área de soja. Durante a semana que passou, foi observada intensa movimentação de máquinas colhedoras que se deslocavam entre uma e outra lavoura e também de caminhões que transportavam o produto colhido. Em certa medida, não foram observadas filas nas cerealistas e cooperativas, pois essas unidades de recebimento se prepararam melhorando as condições de descarga. A produtividade segue dentro do projetado.

Comercialização – análise de conjuntura

Em relação à comercialização no âmbito da regional da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa, podemos considerar os seguintes aspectos: tradicionalmente o produtor tende a vender seu estoque ou parte dele quando as cotações começam a cair, assim como tende a comercializar o necessário para quitação de despesas inerentes ao processo produtivo, honrar os contratos com valores pré-fixados, realizados em soja verde e a fim de realizar algum investimento pontual, mantendo, se possível, estoque residual do produto para negociações futuras e em cenário favorável.

Esses aspectos tendem a ser praticados por produtores de médio e grande porte, embora alguns produtores familiares mais tecnificados conseguem, algum grau, reproduzir tais procedimentos. Isso posto, devemos também observar que, de acordo com analistas de mercado de commodities, a capacidade de manter produto estocado para negociações futuras apresenta-se como manobra mercadológica potencialmente vantajosa.

Para a safra 2021-2022, esses mesmos especialistas apontam para que se venda em antecipação apenas entre 10 e 20% da safra, pois o viés de alta deve se prolongar até, pelo menos, maio de 2022. Em Bossoroca, entre outros municípios, há produtores maiores em área, em escala e com estrutura própria de armazenamento que estão deveras atentos a esses canais de informação sobre o mercado, o que lhes permite antecipar tendências, sejam de viés altista ou baixista. Então, para esse estrato, o primeiro aspecto listado deve ser menos impactante. Outro ponto a ser considerado são os contratos firmados em soja verde a preços fixados, obviamente menores do que os praticados atualmente.

Assim, a tendência é de os produtores se mobilizarem em busca da revisão de tais contratos, o que lhes garantiria uma receita ainda maior. Além disso, um agravante é que sojicultores possam ter saldo negativo para com os contratos da safra anterior que, à época, foram prorrogados para quitação na safra atual e com preços fixados ainda menores que os atuais.

Por outro lado, sojicultores que não dispõem de estrutura de armazenagem realizaram a venda de boa parte da safra que, segundo estimativa de cerealistas, varia de 65 a 75% da produção, aproveitando os preços e pelo histórico negativo quanto à confiabilidade dos produtores com cerealistas em função da possibilidade de ocorrerem recuperações judiciais e falências.

Na de Ijuí, os preços em elevação diminuem o ritmo da comercialização. Produtores atentos ao posicionamento do mercado; atualmente em alta e com projeções positivas para os próximos meses, esperam para realizar a venda com preços maiores. As liquidações do produto são realizadas a fim de amortizar empréstimos financeiros com vencimento iminente, com grande vantagem aos produtores pelo alto valor da soja.

Comercialização (saca de 60 quilos)

De acordo com o levantamento semanal realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado, o preço médio da soja segue em elevação, agora de 2,46% em relação ao da semana anterior, passando de R$ 166,80 para R$ 170,90/sc. O preço para o produto disponível em Cruz Alta alcançou R$ 174,00/sc.

Na regional de Santa Rosa, a cotação de subprodutos a granel vendidos pela indústria ao produtor para alimentação de animais foi a seguinte: farelo de soja a R$ 2.700,00/ton e casca de soja a R$ 1.100,00/ton.

 

Preços mèdios da soja no RS (Emater/RS)

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